há uma larga fatia da programação (manhãs e tardes) das televisões generalistas que é praticamente desconhecida do grande público. sabe-se quem são as figuras ao leme destas emissões, mas por natureza são blocos destinados a uma população não activa.
por conseguinte, a tentação é a de privilegiar uma abordagem entre a diversão levezinha e o sentimentalismo desabrido. e, por isso mesmo, por se tratar de programas pouco exigentes e indistintos, muito do seu sucesso depende do casting para os apresentadores.
nesse sentido, a contratação de júlia pinheiro, das tardes da tvi para as manhãs da sic, é uma prova de meia inteligência para os lados de carnaxide. e meia porque com o movimento de fátima lopes no sentido contrário – da sic para a tvi –, o tom de confessionário emocional que a apresentadora empresta ao seu programa da tarde tem na sic uma resposta pouco ágil na figura de conceição lino, sem mãos para a perícia de consultório de psicologia popular que fátima lopes gere com mestria – independentemente do grau de tédio que provoca.
júlia pinheiro vai assim concorrer com outra personalidade livre e esfusiante – manuel luís goucha, na tvi –, pondo fim à pobreza confrangedora de companhia das manhãs, um misto de elencar de desgraças pessoais com auto-promoção do canal.
tirando partido da energia inesgotável de júlia pinheiro, a sic passa-lhe ainda para as mãos, a partir de março, a versão portuguesa de o peso certo. e esse promete ser um dos grandes trunfos para a sua programação de 2011. armas de peso no assalto à liderança…