Obras de ampliação

A longevidade de uma série televisiva é uma espécie de roleta russa – por mais testes que se faça, nunca se sabe qual a medida de sucesso ou se a narrativa original poderá ser totalmente respeitada, dependendo do entusiasmo com que o público recebe o desenrolar da mesma.

ficou famosa a visita de marc cherry a casa da mãe, que o levou a imaginar o que poderia levar mulheres de uma classe média suburbana norte-americana numa vida aparentemente perfeita a mostrarem-se capazes de tudo o que dinamitasse essa mesma perfeição. cherry tentou vender a ideia para os grandes canais. todos recusaram. acabaria por, muito tempo depois, estrear donas de casa desesperadas na abc. o sucesso mantém-se até hoje.

absolutamente invulgar é o caso de the walking dead, a mini-série de seis episódios que a fox mostrou recentemente e que adapta a banda desenhada homónima. por se tratar de um género – o terror – pouco dado a grandes sucessos televisivos, o formato reduzido adoptado foi o mesmo que nos ofereceu óptimos títulos como the lost room ou deadset, cujo tom sobrenatural ou de terror as manteve sempre fiéis à ambição inicial de mini-série.

no caso de the walking dead, o cenário apocalíptico de mortos-vivos a tomarem conta do mundo e pequenos grupos de resistentes a tentarem sobreviver a todo o custo, mais o envolvimento do prestigiado realizador frank darabont, geraram um tal sucesso que a excelente mini-série foi rapidamente ampliada. para este ano, espera-se uma segunda temporada, com os habituais 13 episódios. mas o sucesso já produziu estragos: diz-se que darabont terá despedido toda a equipa de guionistas, enquanto alega que já teriam assumido outros compromissos. veremos se a qualidade não terá saído igualmente porta fora.