é verdade, como lembrou esta semana teodora cardoso, que tudo «seria mais fácil» se portugal pedisse ajuda. se o país recorresse ao fundo fmi/ue teria garantida uma taxa de juro previsível, o que retiraria vários graus de incerteza ao financiamento no curto e médio prazo. a vinda do fmi, além de forçar medidas capazes de gerar uma verdadeira revolta social, pensadas por gente que sobre nós não sabe quase nada, não se limitaria a retirar soberania ao estado. também a banca acabaria por ser envolvida. vendo o estado a recorrer ao fmi, os investidores – que continuam reticentes em abrir as ‘torneiras’ aos nossos bancos – poderiam fechar de vez a porta às instituições financeiras… que acabariam com técnicos do fmi/ue ‘enfiados’ nos gabinetes dos seus gestores. a perda de soberania poderia, portanto, alargar-se aos privados.
portugal precisa de políticos competentes, que tomem medidas certas mas, mais ainda, precisa de confiança. o país não precisa de ‘velhos do restelo’ nem de cépticos compulsivos, para quem nada está bem nem nunca estará. olhar para o recurso ao fmi/ue como uma forma de dar um pontapé ao governo não revela vontade de mudar o país. revela oportunismo e vontade de cortar cabeças. não são os ‘estrangeiros’ quem tem de ‘eliminar’ este governo. são os portugueses. e sócrates merece – como todos os governos – ‘pagar’ pelo que fez, de bom e mau. as eleições até podem ser este ano, mas com o fmi cá dentro, ter sócrates ou passos dá no mesmo: nenhum manda. melhor assim? então venda-se portugal. alguém nos quer comprar?
ricardo.d.lopes@sol.pt