são os tais falsos convites, de que já aqui falei uma vez, a propósito de outra pergunta de um leitor, que nesse caso se referia a amigos adultos.
também passo pelo mesmo com os meus filhos e compreendo a leitora. como se diz por aí: ‘não há almoços grátis’. mas, em festas de anos, já se depreende o pagamento com um presente. é certo que os meus filhos me dizem não ser suposto dar outro presente, quando cada um paga o seu jantar. costumes que as gerações vão modelando, ao arrepio das educações que lhes damos e talvez com o incentivo de alguns pais.
eu percebo que, hoje em dia, as casas não são tão grandes (embora sejam muito maiores em certos meios), que as mães trabalham, que há menos serviço doméstico e que é mais difícil receber em casa. mas também é um excesso egoísta de comodismo não receber: não é preciso faisões, ou jantares sentados, ou cocktails ricos. basta um lanche ajantarado ou um cocktail mais contido. desde que se sirva o suficiente para dar gosto aos convidados.
talvez sozinhas não consigamos mudar o mundo ou evitar evoluções desagradáveis. talvez não consigamos pôr fim a estes festejos na rua (há famílias que parecem não ter casa, tal o horror a lá receberem alguém). mas ao menos exijamos isto: que a língua não perca o seu significado. e não chamemos convite ao que não é convite. o que os nossos filhos fazem é alegres convocações.
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