segunda e terça-feira, organizada pela faculdade de direito da universidade de lisboa, a conferência portugal 2011: vir o fundo ou ir ao fundo ajudou jornais a escreverem páginas, agências e sites a reforçarem page views e as rádios e televisões a ‘encherem’ noticiários com… mais do mesmo.
não está em causa a boa fé dos organizadores. e muito menos a qualidade ou mérito dos oradores. a questão é que o título da conferência limitou o debate, o que, de resto, é – tem sido – um problema nacional. mais: conduziu-o numa direcção. não está provado que o fmi/ue traga vantagens, porque ainda não chegou. e não é líquido que sem fmi vamos ao fundo. nem que o fmi chegue. se chegar, os portugueses cá estarão, como sempre, para fazerem o possível e enfrentarem os apertos (adicionais) que vão surgir.
é pertinente falar do fmi, claro. mas há mais país para além da dívida e dos juros. como lembrou teodora cardoso, o fmi não resolverá os nossos problemas. apenas trará dinheiro mais barato. e ‘importar’ dinheiro é o que menos precisamos. precisamos de reformas e, sobretudo, de aprender a viver com o que temos, dando também ‘gás’ ao que há de positivo. há meses, silva lopes disse que, desta vez, tinha «muito medo» do fmi. pois é. temos todos. mas, nesta fase, o que a muitos ainda mete mais ‘medo’ é o pessimismo. o fmi, se vier, pelo menos há-de ir embora. e o pessimismo? algum dia partirá?
ricardo.d.lopes@sol.pt