o leitor deve pertencer à faixa etária dos meus filhos – que me exasperam nas tentativas de educação sobre os horários dos telemóveis. bem sei que o problema não é só dessa faixa etária. basta ver algumas figuras públicas, completamente viciadas no telemóvel, que não são capazes de os largar. se não lhes telefonam, põem-se eles a telefonar. e parecem temer o fim do mundo no momento em que o telemóvel se calar.
penso que as regras de educação usadas nos tempos dos telefones fixos se devem adaptar perfeitamente aos telemóveis. não era de bom tom telefonar-se para casa das pessoas de manhã, muito cedo (dependendo, pelo conhecimento dos destinatários, talvez a partir das 10-11h), nem à noite (a partir das 22-22h30). ninguém atendia às horas das refeições, embora nesses casos fosse de bom tom, como em qualquer outro caso em que o recado da chamada ficasse, devolvê-las.
a regra de educação de devolver as chamadas (ignorada pelos parvenus que aparecem na nossa vida pública), deve ser absolutamente mantida – ao menos, para nos distinguir de quem não o faz.
as estatísticas dizem-nos que os telemóveis começam a ser usados hoje aos 11 anos e que a miudagem tem grandes ansiedades quando é obrigada a silenciá-los (por exemplo, nas aulas). lutar contra a dependência dos telemóveis (meu deus, há quem fale nos cinemas, nos teatros e até nas igrejas!) é sinal de boa educação. sucumbir a essa dependência, mostra a falta de aptidão para a subida na sociedade.
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