agitação
o que quer passos coelho?
tive ocasião de elogiar o bom senso do discurso de pedro passos coelho na noite eleitoral. e não fui só eu: ouvi o mesmo em vários outros comentários.
sei que foi jerónimo de sousa quem começou. aproveitando a debilidade com que o bloco de esquerda saiu das presidenciais, o líder do pcp veio declarar que poderia votar favoravelmente uma moção de censura votada pela direita.
estava ‘montado o circo’! quando a imprensa pensava que não ia ter um tema bem agitado nas semanas após a campanha, eis que surge a moção de censura.
desde então, não houve mais descanso: quando é que o psd apresenta, se o pcp mantém o que disse, se o cds ‘alinha’, se o bloco ‘desalinha’… enfim, uma sucessão de declarações, ameaças, dúvidas, respostas, desafios, que vão mantendo bem elevada a temperatura dos despiques partidários.
então já não vale a declaração de que as presidenciais não serviriam para provocar uma crise política? será preciso repetir? era a sério? e não falo só de passos coelho – houve outros altos responsáveis que o afirmaram.
não pretendo, com esta observação, dizer que o governo está a governar bem ou mal. que merece continuar ou sair. não estou a exprimir o meu juízo sobre essa matéria. aliás, já escrevi e disse muitas vezes, desde 2009, que tipo de governo entendo ser necessário para a situação em que o país se encontra.
o que está em causa é a coerência e a clareza das atitudes.
se entendermos que este governo deve ser substituído tão depressa quanto possível, que se assuma e se diga com frontalidade. se pelo contrário, se achar que a situação actual não permite o derrube do governo e a convocação de eleições, que se fale e se actue em conformidade.
para falar só do psd, qual é a congruência entre a tal prudente declaração do presidente do partido na noite eleitoral e as palavras do secretário-geral do mesmo partido, esta semana, segundo as quais o psd só espera ‘o momento político’ (adequado, entenda-se) para apresentar uma moção de censura?
colisão
qual é a posição de cavaco silva?
para ‘ajudar à festa’, apareceu o primeiro veto de cavaco silva a um diploma governamental. que terá acontecido? teremos direito a saber?
a campanha foi, sem dúvida, muito desagradável. e, como já referi, de sarilhos institucionais deveremos passar para um quase-divórcio entre órgãos de soberania. confirma-se?
entendo que, a ter havido alteração radical das razões que levaram o presidente, no primeiro mandato, a não vetar diplomas do governo, isso deve ser plenamente assumido.
não podemos passar a vida com estas pré-crises, com as interpretações que delas são feitas, com os vaticínios, as dúvidas sobre a dimensão das consequências.
portugal precisa, como de pão para a boca, de estabilidade e de clarificação. não podemos passar a vida neste ‘agarrem-me senão eu mato-os’…
já notaram que os juros da dívida voltaram a subir, atingindo níveis inéditos? isto apesar das notícias razoáveis que chegam das movimentações sobre a zona euro, num esforço ‘a 17’ que tem acalmado um pouco os mercados. só que portugal não dá uma semana de sossego a quem nos vai observando e tem por missão elaborar relatórios sobre o que por cá acontece.
imaginem os diplomatas acreditados em lisboa assistindo, todos os dias, às notícias e aos comentários. alguma vez poderão, nos seus telegramas, reportar que tudo parece estar mais calmo?
trata-se de uma questão de respeito pelo interesse nacional. em circunstâncias normais, já não seria bom. no estado em que está portugal, é péssimo.
o pior que pode haver, no quadro actual. é indefinição e insegurança. repito: precisamos de um poder político forte e estável. decidam-se sobre o que querem.
já estamos todos saturados de tentar articular com lógica as notícias que ouvimos na televisão, na rádio, nos jornais ou na net. quase se pode afirmar que, de cada vez, é uma surpresa. uma pessoa lê ou ouve – e julga que leu ou ouviu mal.
é uma charada permanente. não pode ser. portugal precisa de clareza.
desilusão
o sporting e os reforços argentinos
tenho pena, também – noutro plano, claro –, do meu sporting.
o que faltará acontecer-lhe?
por exemplo: perante o que vai acontecendo nos rivais com os di marías, os gaitáns, os salvios, os hulks, os iturbes, entre outros, cabe perguntar se a argentina onde eles os vão buscar será a mesma onde vai o sporting.
más contratações podem acontecer a qualquer um e em qualquer presidência. também me aconteceu em 1995-96. mas tenho para mim que, nos tempos de hoje, são os bons treinadores que sabem onde estão os bons jogadores.
dizem que jorge jesus passa o tempo, quando não está a treinar, a ver vídeos de jogos e sobre jogadores. por isso, porventura, o sucesso do benfica nos últimos anos com vários dos jogadores que contratou. claro que, para além dos treinadores, os bons departamentos de futebol asseguram esse trabalho. só que, no caso do sporting, nem uma coisa nem outra.
a que parte da argentina irão? à patagónia?
para lá de yazalde, acosta, duscher e pouco mais, com tantos grandes jogadores naquelas paragens, qual a razão para tanto falhanço? giménez, kmet (da década passada) entre tantos outros, custaram os mesmos milhões, ou mais, que aqueles que o benfica ou o porto compram. e vejam a diferença…
grimmi custou quatro milhões – pouco menos que os cinco de di maría! e os seis milhões de pongolle a comparar com os seis de saviola?
de qualquer maneira, o sporting tem uma academia – a cuja génese está muito ligado um hipotético candidato – que representa um investimento considerável. e é por aí, com determinação, que deve recrutar os novos futres, figos, simãos, ronaldos, nanis, quaresmas, carriços. se tem tanto talento nas suas estruturas, também deve precisar de menos ‘olheiros’ do que os outros… de qualquer maneira, convém equilibrar os dois caminhos num denominador comum: reduzir substancialmente os salários. e apostando, novamente, num predomínio do ‘amor à camisola’ no plantel profissional. jogadores que ‘sofram’ pelo sporting e pagos com justiça, realismo e equilíbrio.
só assim o futuro do sporting será melhor do que o presente.