o leitor vai desculpar-me a tontice, mas ao ler a sua pergunta imaginei-o de repente na tensão de uma praça de touros, a estudar o lombo ao animal, para não falhar o sítio exacto da estocada.
na mesa está-se mais à vontade. o prato não é uma arena. portanto, completa naturalidade.
os alimentos estão ali à nossa mão, inanimados (com excepção de alguma ostra mais viva), sem hipótese de nos escaparem. normalmente, há o produto principal, que no alentejo se chama conduto, que nos fica mais próximo. e depois estão os acompanhamentos, que, como o nome indica, se destinam a acompanhar, ou seja, a serem comidos ao mesmo tempo – embora não misturados. nas novas culinárias empratadas (só de restaurantes), pode vir diferente (umas coisas por cima das outras), mas acabamos por manejar para ficar daquela maneira. vai-se então comendo aos bocadinhos, um pouco daqui e um pouco dali. sei que há quem prefira aviar de uma vez cada parte, mas isso não me parece elegante.
outras regrazinhas são no uso dos talheres: com ovos, só garfo; pastas com colheres (como se põe nalguns restaurantes italianos) só em mesas muito popularuchas; espargos são à mão – a não ser que estejam quentes; e também não ficará mal o recurso à mão para algum maçador osso animalesco. de resto, garfo à esquerda (a não ser que se dispense a faca) e faca à direita, agarrados sem maneirismos, quase como se fossem pequenos martelos.
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