Ostras amigas do ambiente

As ostras filtram até 200 litros de água por dia e estão a ser estudadas para diminuir a poluição em Nova Iorque.

reduzir a poluição das águas do porto de nova iorque através da filtração das ostras é uma ideia de kate orff, arquitecta paisagista e professora na universidade de columbia. isto porque estes bivalves são filtros naturais; cada um consegue limpar quase 200 litros de água por dia.

para pedro duarte, professor na faculdade de ciência e tecnologia da universidade fernando pessoa, no porto, essa limpeza depende do tipo de poluição. «a arquitecta só pode estar a referir-se às partículas de que as ostras se alimentam – fitoplâncton e detritos orgânicos em suspensão na água. mas não serão assim tão eficazes a remover substâncias tóxicas, embora as possam acumular na sua carne», considera.

as ostras têm esta capacidade de filtrar a água, tal como os mexilhões, e podem ser muito úteis na remoção de bactérias. por isso, as que são criadas em locais de elevada contaminação microbiológica não devem ser ingeridas. pedro duarte alerta para o facto de estes bivalves poderem absorver «metais pesados e diversos tipos de hidrocarbonetos».

a ideia de usar organismos como ferramentas nos processos de depuração tem muitos adeptos, especialmente no âmbito da engenharia ecológica. «quando a massa viva dos organismos é grande, os poluentes podem ser diluídos nessa biomassa, reduzindo-se a sua perigosidade», explica o professor.

a filtração é mais eficaz quando se usa mais do que um organismo. as algas, por exemplo, têm capacidade de filtrar substâncias como a amónia, os nitratos e os fosfatos, «muito abundantes perto das saídas de esgotos, mesmo quando estes são tratados». no entanto, não podem ser usadas para remover bactérias, ao contrário das ostras.

 

baleia que limpa
vincent callebaut é um arquitecto francês que partilha com kate orff a preocupação ambiental. physalia, um jardim flutuante em forma de baleia, é a sua mais recente criação para atenuar o problema da poluição.

trata-se de uma estrutura de alumínio coberta por painéis solares que geram energia para as turbinas localizadas no casco da embarcação e que transformam a corrente das águas em energia.

a parte que está em contacto com a água – feita de dióxido de titânio – reage aos raios ultravioletas e transforma os poluentes em moléculas inofensivas, como dióxido de carbono ou mesmo água.

joana.andrade@sol.pt