Bob Dylan e Eagles em Pequim são ‘sinal de abertura na China’

Xiong Wen ainda não era nascida quando os Eagles gravaram o seu maior sucesso de sempre, “Hotel Califórnia”, mas já comprou bilhete para sábado, o dia em que aquela banda norte-americana vai tocar em Pequim, pela primeira vez.

técnica de relações públicas, com 33 anos de idade, xiong wen fez bem em antecipar-se.

embora
o pavilhão onde os eagles vão actuar tenha 18.000 lugares, três dias
antes do concerto já só havia bilhetes acima dos 1.500 yuan – mais do
que o salário mínimo na capital chinesa.

como milhões de
compatriotas da sua geração, xiong wen descobriu os eagles há cerca de
dez anos, quando frequentava a universidade.

nessa altura, na china, os espectáculos com grandes grupos pop internacionais eram ainda mais raros do que hoje.

a romântica melodia de ‘hotel califórnia’ – gravada em 1976 e distinguida com um grammy – ficaria, contudo, na memória.

“qualquer jovem chinês que estivesse a aprender guitarra a primeira
música que queria tocar era o ‘hotel do califórnia’”
, diz zhang
zhiqiang, um profissional da rádio pequim especializado na divulgação da
música pop e rock.

zhang zhiqiang não irá ouvir os eagles, mas
não faltará ao concerto de bob dylan, no dia 06 de abril, outra estreia
absoluta na china.

“bob dylan é um líder”, disse. “o concerto dele é um grande acontecimento e um sinal de abertura da china”.

dylan tocará também em xangai, dois dias depois.

“há anos que estamos a tentar organizar um concerto de bob dylan na
china e, finalmente, conseguimos!”
, disse o promotor chinês, wei ming,
ao jornal china daily.

em 2006, os rolling stones foram
autorizados a tocar em xangai, mas por exigência das autoridades, ‘let’s
spend the night together’, ‘brown sugar’ e três outras canções do grupo
foram riscados do programa.

as canções dos eagles, mais conformistas que as dos rolling stones, não preocuparão tanto a censura chinesa.

a banda que criou o ‘hotel califórnia’ apareceu em 1971, uma altura em
que o rock era considerado na china “uma música decadente” e o país mais
populoso do planeta estava mergulhado numa “grande revolução cultural
proletária”
.