é esta a opinião da maior parte dos analistas e economistas, num ‘jogo de adivinhação’ que dura há meses e que é cada vez mais independente da cor partidária de quem emite os juízos. o país, como admitiu quarta-feira o secretário de estado costa pina (numa opinião algo diferente da que emitira há uma semana…) não tem condições para suportar por muito mais tempo as taxas que o mercado está a pedir nas emissões de dívida. e, na verdade, não há milagres. mesmo que a cimeira do final do mês resulte num enorme sucesso (do ponto de vista dos países frágeis), dificilmente os investidores, essa entidade ‘abstracta’, vão, de um dia para o outro, aliviar a pressão.
a ajudar à festa estão, como sempre, as agências de rating, essas entidades bem menos abstractas que falharam a toda a linha na previsão da crise financeira e que continuam, impunemente, a baixar ou ameaçar baixar a notação dos países periféricos como se não houvesse amanhã. a europa do euro precisa de mais solidariedade e de uma reforma, o que inclui grandes e pequenos países, e é esse o debate que vai começar a ser feito hoje pelos líderes dos 17 países da moeda única. mas as agências de rating, no fim do dia, não podem ficar na mesma. há meses, o ceo do bes ‘rasgou’ o contrato com uma agência que cortou o rating do banco, alegando que a revisão em baixa não reflectia a situação efectiva da instituição. amanhã manifesta-se a ‘geração à rasca’ em três cidades do país. daqui se apela a que, em breve, nas 27 capitais da união europeia, os líderes políticos também digam ‘basta’ à tirania de ‘responsáveis’ que não prestam contas a ninguém e cujos interesses – viu-se no eclodir da crise – são muitas vezes contrários ao bem das economias e empresas.
ricardo.d.lopes@sol.pt