é um líder tecnológico? usa o facebook e as redes sociais para comunicar e liderar?
não sou dos utilizadores mais frequentes, mas faço um esforço por me actualizar sempre que sai um gadget novo. como líder de uma empresa de ti, tenho que sentir os benefícios e as ‘dores’ dos utilizadores. isso ajuda-me a gerir melhor e a procurar oportunidades. as novas tecnologias são ferramentas de produtividade pessoal, porque levan a informação mais longe e mais rápido a mais pessoas. com as redes sociais, os clientes podem fazer posts sobre produtos, e isso é positivo, porque exige que a gestão seja mais transparente.
a novabase tem dois mil colaboradores. qual é o segredo para ter equipas criativas?
as pessoas e o seu talento, a inovação e a globalização. em relação ao talento, o importante é gerir a motivação, porque assim as pessoas são muito mais criativas. temos o cuidado de encontrar o desafio certo para o potencial de cada um. tem que ser um desafio estimulante, que não seja só o que a pessoa já saiba fazer, mas também não pode ser tão difícil que a probabilidade de falhar seja grande. na inovação, há que levar as pessoas a ‘pensar fora da caixa’. a novabase tem um espírito crítico muito aguçado, porque os engenheiros são treinados para isso, o que muitas vezes não é bom para deixar emergir ideias. quanto à globalização, este sector não tem grandes barreiras à entrada. competimos com todas as empresas do mundo e quem pense só no seu mercado doméstico, está a pensar mal.
preocupa-o a fuga de cérebros?
quantos mais cérebros estiverem em portugal, melhor, porque as nossas empresas precisam deles. mas, como as fronteiras no negócio não existem, termos pessoas muito válidas pode ser uma vantagem para fazer evoluir a marca de portugal como país capaz de produzir talentos e para haver aliados da internacionalização de empresas portuguesas.
liderar bem é inato ou aprende-se e aperfeiçoa-se?
todas as pessoas são líderes, porque têm vários papéis. e, nalguns, lideram. há características que podem nascer connosco e que facilitam assumirmos esse papel, e há outras – e acredito que são mais importantes – que podem e devem ser aprendidas.
como por exemplo?
a inteligência emocional. enquanto o quociente de inteligência não pode ser desenvolvido – porque é inato ou, pelo menos, muito impactado pelos primeiros anos de educação –, o quociente emocional pode desenvolver-se muito, mesmo na idade adulta. pode ser o factor de sucesso que distingue os grandes líderes. trata-se de aprendermos a gerir emoções e a relacionar-nos com as emoções dos outros, de tentar perceber a razão de críticas que nos fazem, ou qual é o estado de espírito do outro para comunicar bem com ele, porque senão a mensagem não chega. um dos défices grandes do ensino é não dotar as pessoas de uma aprendizagem nesta área mais cedo. o papel último de um líder é desenvolver novos líderes. o bom líder é aquele cuja empresa vive sem ele, porque desenvolveu outros líderes que o tornam substituível. desafiámos a gestão de topo a fazer um curso de teatro, com um encenador, para desenvolver o lado emocional. em portugal também devia criar-se uma cultura de maior empreendedorismo. o nosso adn tem ingredientes valiosos no século xxi, como a adaptabilidade, a auto-motivação e a capacidade de não desistir, que deviam ser trabalhadas com outras, como a inteligência emocional e o gosto por arriscar. e há que ser mais tolerante com o fracasso. o sucesso, muitas vezes, vem de pequenos fracassos.
tem um estilo de liderança preferido?
todos os estilos de liderança devem ser utilizados q.b. quando há fogo na cozinha, não há como usar o estilo democrático e outodos. o único que pode utilizar-se é o autoritário, de comando e controlo. há que tentar fazer bem todos os tipos de liderança e saber adaptar cada um a cada momento. nos últimos dois anos da novabase, os estilos mais adequados eram o do visionário e do coach, porque estávamos a criar uma nova visão e queríamos que as pessoas a concretizem. se calhar, numa grande crise, o estilo autoritário, durante um mês ou dois, é melhor. quando comunicamos bem, as pessoas aceitam o estilo autoritário algum tempo.
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