Em 2007 defendeu que o novo modelo de financiamento da EP não traria «encargos para o Estado» e que «ia gerar receitas próprias para cobrir os custos». O que correu mal?
Antes de 2007 os custos da EP eram pagos directamente do bolso dos contribuintes. A factura média anual rondava os 1,4 mil milhões de euros. Hoje, não há um euro do Estado a ser transferido para a EP.
O endividamento em 2010 cresceu 497 milhões para os dois mil milhões, muito acima do tecto fixado pelas Finanças…
Mas muito abaixo do definido no início, comparando com os 1,4 mil milhões anteriores. A diferença é substancial.
Mas os encargos e o endividamento vão continuar a subir, o que pressiona o Estado.
Obtivemos uma redução superior a 30% dos compromissos por quilómetro, apesar de termos aumentado as infra-estruturas. Este é o resultado de uma gestão rigorosa.
Para quando o novo modelo de financiamento, que estava previsto para Janeiro?
Isso depende do grupo de trabalho criado para o efeito, não é da minha responsabilidade.
O PS admitiu, em anteriores governos, privatizar a EP. Coloca essa possibilidade?
A EP deve manter-se sempre no perímetro do Estado.
Nem uma parte minoritária?
Os privados devem cingir-se às concessões e não entrarem no planeamento.
Não teme que a introdução de portagens no Algarve vá perturbar os turistas?
É uma situação que não é fácil e necessita de tempo. Mas é um processo que tem vantagens em termos de simplificação.
Mas as empresas de aluguer de carros não terão de fazer um investimento avultado nos identificadores?
Sim, mas têm muitos outros benefícios. Estou absolutamente convencido de que o tempo se encarregará de resolver todos os problemas.
Lamenta o adiamento de algumas concessões previstas?
Não foi possível lançarmos alguns empreendimentos, que são justos. Trazem enormes benefícios para o país, cerca de oito mil milhões de euros.
Continua então a defender o lançamento…
Claro, com o IP3 à cabeça.
Mesmo neste momento?
Estou de acordo com Paul Krugman quando diz que se devia olhar para outros factores além da austeridade. Estou absolutamente solidário com a opção do meu Governo. Mas em algumas situações devíamos conseguir criar as condições para ter uma aposta também no crescimento.
Já tem um nome para suceder a Almerindo Marques?
Quando tiver novidades anunciá-las-ei.