Tráfego nas ex-SCUT cai para níveis mais baixos de sempre

A circulação de automóveis nas três ex-vias SCUT – Sem Custos para o Utilizador caiu entre 30% e 40% desde a introdução de portagens no último trimestre de 2010, segundo revelou ao SOL o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos. As estradas do Norte Litoral, Costa de Prata e Grande Porto perderam cerca…

o tráfego médio diário nestas três vias nunca foi tão baixo desde que começaram a ser disponibilizados os ‘relatórios de tráfego’ do inir – instituto de infra-estruturas rodoviárias, em 2008.

«a tendência que existe é de uma redução de tráfego dupla. por um lado, resulta da diminuição genérica da utilização destas infra-estruturas e, por outro lado, de uma redução devido ao efeito da introdução de portagens», explica o secretário de estado das obras públicas, que sempre assumiu a liderança no processo de introdução de portagens nas scut. «a redução no tráfego situa-se entre os 30% e os 40%».

o governante admite que, em alguns casos, a redução foi superior ao previsto. «temos uma quebra ligeiramente superior à expectativa inicial e temos uma utilização das isenções e descontos inferior. portanto, do conjunto das duas situações, temos algo muto equilibrado», observa paulo campos.

segundo os dados avançados ao sol por paulo campos, o tráfego médio diário na antiga scut do grande porto perdeu entre 11.913 – queda de 30% – e 15840 – queda de 40% – veículos no último trimestre de 2010, de 39.710 nos últimos três meses de 2009 para se fixar nos 23.870 a 27.297 veículos por dia.

já na concessão do norte litoral – a28, faz a ligação entre o porto e viana do castelo – o tráfego médio diário no final de 2010 situou-se entre os 19.857 e os 23.166, contra os 33.095 do período homólogo de 2009.

a concessão mais a sul, da costa de prata, que liga o porto a aveiro, teve uma quebra na circulação superior a dez mil carros diários, de 30.906 carros para 18.544 a 21.034, no último trimestre de 2010.

governo recua na introdução de portagens nas restantes scut

tal como o sol avançou na edição de 1 de abril, o executivo liderado por josé sócrates não vai introduzir portagens nas restantes quatro scut do país, tal como previamente acordado com o psd, o principal partido da oposição.

a decisão de cobrar taxas aos automobilistas que circulam nas scut da via do infante (algarve), interior norte, beiras litoral e alta e interior norte ficará nas mãos do próximo governo que sair das eleições legislativas de 5 de junho.

o ministro das obras públicas, transportes e comunicações, antónio mendonça, justificou a decisão com um parecer do centro jurídico da presidência do conselho de ministros (cejur) que, segundo o qual, a tomada de decisão «por um governo de gestão de uma iniciativa legislativa para introduzir novas portagens seria inconstitucional, porquanto um governo em gestão só pode praticar actos estritamente necessários à gestão dos negócios públicos».

frederico.pinheiro@sol.pt