Resultado Líquido

O FMI chegou e veio para ficar nos próximos anos, mas não devemos olhar com tristeza para essa realidade.

como se tem visto pela atitude do primeiro-ministro e do líder da oposição, numa fase em que as negociações ainda nem arrancaram, portugal não tem, pelo menos à vista, políticos com a frieza e desinteresse pelo poder suficientes para pôr o país no trilho certo. prevalece o interesse partidário sobre o nacional, num ‘jogo’ onde o único objectivo é deixar mal o adversário na fotografia e manter (sócrates) ou chegar ao poder (passos). mas a verdade é que, fique quem ficar, pouco mandará. depois do ataque à soberania feito pelas agências de rating, o país ficará sob escrutínio do fmi e da comissão europeia, o que vai limitar a capacidade de decisão de quem governar os nossos destinos. e ainda bem.

pena é que não haja quem limite a actividade e os comportamentos das agências de rating e dos especuladores que há meses ganham milhões com as taxas impostas aos mais frágeis da zona euro. a falta de estatura dos líderes das maiores potências europeias, mais preocupados com o seu umbigo do que com o projecto europeu, ajuda à criação do espaço que os ‘predadores’ do mercado ocupam sem contemplações e que continuarão a ocupar, enquanto os deixarem. há seis meses era impensável a ideia do resgate a portugal. mas ele veio. hoje é improvável um resgate a espanha, mas é bem possível que a terra de nuestros hermanos seja a próxima paragem dos técnicos do fmi e de bruxelas. que o mundo é um lugar perigoso já se sabia. nos últimos tempos temos aprendido, contudo, que a zona euro é, provavelmente, mais perigosa ainda. qualquer dia não resta nada. alguém aposta um milhão de euros no futuro deste projecto?

ricardo.d.lopes@sol.pt