o cônsul-geral de
portugal no rio de janeiro, antónio almeida lima, confirma à lusa o
crescente número de portugueses que chegam àquela cidade com a intenção
de procurar trabalho ou que já chegam contratados por alguma empresa.
de acordo com o cônsul, muitos deles são jovens e realizaram parte dos
estudos universitários no brasil, dentro do programa erasmus mundo.
é
o caso de joão fernandes, 25 anos, que chegou ao brasil no final do ano
passado, depois de ter morado no país de agosto de 2008 a junho de 2009
ao abrigo do programa de intercâmbio entre a faculdade de direito da
universidade de lisboa e a universidade federal do rio de janeiro
(ufrj).
o estágio, num escritório de advocacia, foi conseguido com a ajuda de amigos brasileiros, que o informaram da vaga.
“no início não é fácil arranjar trabalho, por ter de competir com
profissionais que conhecem e têm experiência já de alguns anos”, destaca
o advogado recém-formado.
quanto à cultura empresarial e a
rotina de trabalho, joão fernandes enfatiza que não há diferenças
significativas e que se trabalha muito em ambos os países.
para o jovem advogado, o brasil deixa a desejar apenas na parte de infraestruturas.
“é
um país que me agrada bastante. escolhi-o, sobretudo, devido à situação
pujante da economia e por encontrar no brasil uma cultura parecida com
portugal”, afirma à lusa.
assim como ele, diz que também cinco
amigos optaram pelo mesmo caminho, além de outros que escolheram outros
pontos do globo, como macau, luanda, londres e houston.
joão fernandes diz que a decisão de deixar portugal foi mais fácil pelo facto de ainda não ter família e filhos.
mas
nem sempre é assim. outro advogado, josé castro solla, foi com os três
filhos para o rio de janeiro no ano passado para apostar na área de
direito para o sector petrolífero.
na opinião de solla, que está satisfeito com a cidade e o trabalho, o caráter mais otimista do brasileiro é “rejuvenescedor”.
“aqui
você pode estar com uma pessoa mais pobre que ela vai estar com um
sorriso na boca e uma ideia muito optimista, você ganha anos de vida
aqui”, elogia.
o advogado confessa, no entanto, que é difícil ser confrontado com a situação em portugal estando distante.
“por
um lado, eu estou fora, portanto não sofro no dia a dia a consequência
desta crise, quer no aspecto financeiro, como também no lado emocional.
agora, também não deixa de ser especialmente triste estar aqui e ser,
por vezes, sempre com simpatia, com aquele humor carioca, confrontado
com a situação de portugal”, refere.
para josé solla, no entanto, os portugueses já demonstraram a sua capacidade noutros momentos para superar as dificuldades.
“acho
que muito se fez nesses últimos anos de democracia em portugal, o país
cresceu muito, muita gente saiu da pobreza, subiu o nível da educação e
isso mostra que conseguiremos sair dessa crise”, conclui, optimista.