qualquer metro quadrado é suficiente para treinar. há pés a voar à altura das cabeças dos que passam, mãos a limpar o chão, que durante este fim-de-semana não terá pitada de pó.
anormal é estar em posição vertical. o balanço sente-se em todo lado do cace cultural do porto e nem é preciso estar de olhos abertos. a música, debitada nas potentes colunas, faz mexer qualquer corpo mais estático.
“este é um dos maiores eventos do mundo. estão cá mais de 600 participantes a representarem 40 nacionalidades diferentes para disputarem batalhas de dança em puro free style”, afirma max oliveira, director artístico do evento e membro dos “momentum crew”.
tal como no futebol ou em qualquer modalidade o objectivo aqui é pontuar. o relvado é a pista, a bola o corpo humano, os árbitros são o júri internacional. a “battle” é jogada sem armas e ao som da música. max oliveira explica
“as batalhas funcionam com um júri e duas equipas de cada lado que vão dançando alternadamente. os dançarinos, sem conhecerem a música que o dj está a passar, de forma improvisada vão tentar provar que são os melhores. é como o futebol sem bola, neste caso é uma luta sem armas, sem tocar no adversário é lutar a dançar de uma forma digna e respeitosa”.
nesta sétima edição da eurobattle são cinco os estilos em competição: bboying, bgirling, hip hop new style, locking e popping. neste abecedário da cultura hip-hop, o “prof” max descodifica a mensagem.
“locking é uma modalidade que se dança com funk old school, com músicas de james brown a aretha franklim. dançam a enrolar pulsos, a apontar dedos e com o movimento do “lock”. é uma dança muito específica”, decifra.
“popping é aquela contração mecânica que muita gente chama de robótica. beboyng são pessoas que fazem o chamado breakdancing e new style é uma modalidade que se dança ao som do hip hop ao estilo atual”, atestou.
do carismático e problemático bairro do bronx de nova iorque, alien ness traz toda a sua experiência nas diferentes modalidades e dá nome a um júri composto por elementos da rússia, coreia e frança.
“eu gosto de ver equipas com balanço, onde cada membro consegue ser multidisciplinar, manter o ritmo e não apresentar apenas um elemento particular na dança ou apenas um estilo. gosto da musicalidade, da técnica, da agressividade, gosto do respeito”, afirmou o júri nova-iorquino.
alien ness é uma espécie de josé mourinho do hip-hop. vive da dança e tem um divida para com ela.
“hip hop é a última hipótese que deus nos dá para nós seguirmos um rumo. foi o melhor que me podia ter acontecido”, assegurou.
entre os participantes, titãs dos “spartans crew”, é com 12 anos um dos dançarinos mais novos a participar no evento
“meti-me nesta vida quando entrei para uma escola para saber dançar e depois gostei e comecei a dedicar-me ao bboying”.
segundo max oliveira, “portugal está muito bem representado, pois tem finalistas em todas as modalidades”, e que tentarão arrecadar os prémios monetários na ordem entre os 10 e 15 mil euros, distribuídos pelas diferentes categorias em competição.