Jel: ‘O nosso prémio é isto’

Os Homens da Luta vão cantar em directo para o mundo esta noite, na primeira semi-final do Festival Eurovisão da Canção. O programa começa às 20h, na RTP1, e caso Jel e Falâncio cheguem à final vai ser possível vê-los no sábado, dia 14 de Maio, «no maior evento televisivo da Europa», acredita Jel. Paulo…

como está a correr a vossa apresentação em dusseldorf?
somos a grande sensação. na quarta-feira passada demos uma entrevista para um canal de televisão no azerbaijão e a alemã wdr passou uma reportagem sobre nós de cinco minutos, o que não fez com mais nenhum concorrente. a partir desse dia, os alemães começaram a cumprimentar-nos na rua.

com tanta divulgação, vão conseguir um bom resultado?
é claro que gostávamos de passar à final. mas o nosso prémio já é tudo isto. enquanto nos outros concorrentes importa a canção, os arranjos, os vestidos, connosco levantam-se outras questões – a do protesto, a da polémica que se gerou após o festival em portugal.

esperavam esta atenção toda?
estão 40 e tal países presentes e não esperávamos que fosse assim. quando um canal alemão faz uma única reportagem sobre os concorrentes e esse trabalho é feito connosco pensámos: «é para isto que trabalhamos».

quem vota na canção portuguesa são habitualmente os emigrantes. estão à espera de ter esse apoio?
já estamos a ter esse apoio. fomos muito bem recebidos no clube português de dusseldorf, recebemos mensagens de emigrantes em frança e no luxemburgo. as pessoas pensam que vimos da comédia, mas o meu irmão e eu começámos na música. nós tocamos música tradicional portuguesa.

ainda assim a vossa música distingue-se das outras…
temos a única canção em que não há arranjos de computador. em ‘a luta é alegria’ são apenas os homens da luta a tocar. isso enche-nos de orgulho e de força.

se ganharem vão entregar o troféu aos portugueses?
claro! mas é uma hipótese num milhão. o festival é muito político. muitos votos estão definidos. acredito que não é por falta de qualidade das canções que, ao longo dos anos, nenhum português tenha ganho o festival. este evento é também o reflexo do que se passa na europa. nós somos uns outsiders…

quando criou estas personagens, alguma vez pensou ir ao festival?
quando comecei a trabalhar, desprezava o festival. agora vejo que era um erro. está a ser uma experiência única.

quando concorreram, qual era a vossa pretensão?
sermos felizes. ganhar a vida. andamos há seis anos nisto e vivemos mal. aspiramos a ter mais, a ser melhores. a fazer um musical, um filme… somos trabalhadores honestos, mas também cheios de contradições. os homens da luta também gostariam de ter um ferrari.

francisca.seabra@sol.pt