Panos: Teatro de e para jovens dos 12 aos 18 anos

Tudo começa com a escolha de uma peça. Depois, trabalha-se o texto com os autores e um encenador. A partir daí, são vários meses de ensaios, construção de cenário, desenho de luz, escolha de figurinos. Até que chega o dia da estreia.

podíamos estar a falar de praticamente qualquer peça de teatro, mas, neste caso, referimo-nos ao ‘panos – palcos novos, palavras novas’, uma iniciativa promovida pela culturgest e dirigida ao público jovem e escolar, entre os 12 e os 18 anos.

a ideia surgiu, conta ao sol francisco frazão, comissário do projecto, há cerca de sete anos. o programador inspirou-se no connections, uma iniciativa semelhante promovida pelo londrino national theatre, há mais 15 anos. trouxe a ideia para lisboa e, um ano depois, começou a primeira edição do panos.

o projecto é simples: convidam-se dois escritores portugueses contemporâneos – que podem ser, ou não, dramaturgos – a escrever uma peça para a iniciativa. às duas peças escritas junta-se mais uma, vinda de londres, escrita propositadamente para o connections.

adolescentes e contemporâneos

depois, é a vez de os jovens se inscreverem, por grupos, no panos, e escolherem a peça que querem apresentar. este ano houve mais de 40 inscrições. seguem-se vários meses de ensaios até ao dia da estreia. depois é feita a escolha, pela culturgest, de seis peças a levar ao palco em lisboa.

«mas o objectivo é que os jovens peguem numa das peças e as consigam apresentar e encenar», explica frazão, que sublinha: «não é um concurso, não há vencedores. vir a lisboa não é um prémio».

o programador vê o projecto como «um fim em si mesmo: é uma experiência de um ano de trabalho em teatro para todos os envolvidos». ou seja, a ideia não é criar novos públicos ou futuros profissionais do teatro. «interessa-nos este ano de trabalho, não nos interessa condicionar o futuro». ou seja, continua, «queremos promover o encontro entre duas áreas de acção que estão, normalmente, de costas voltadas: o teatro feito por adolescentes e o teatro de escritores contemporâneos».

frazão assinala que esta faixa etária costuma trabalhar apenas os clássicos. além disso, diz, tanto o teatro escolar como a nova dramaturgia são duas áreas pouco desenvolvidas em portugal.

assim, nesta 6.ª edição, sobem ao palco este fim-de-semana (entre hoje, sábado e domingo)  as peças filhos de assassinos, de katori hall, desligar e voltar a ligar, de margarida vale de gato e rui costa e dentro de mim fora daqui, de filipe homem fonseca.

rita.s.freire@sol.pt