os salários vão emagrecer. despedir vai ser mais fácil. as pensões vão minguar. os privilégios vão acabar. as empresas querem fugir. o investimento não chega. os chineses não nos salvam. os brasileiros também não. a ue está partida ao meio. os patrões querem dar menos férias. os feriados vão ser encolhidos.
a saúde vai piorar. os impostos vão subir. a luz e o gás vão aumentar. as rendas também. as taxas de juro ainda mais. a poupança vai baixar. os bancos estão nas lonas. o estado nem se fala. as empresas públicas estão à beira de um ataque de nervos. o crédito barato é passado. a confiança está nos mínimos. a desconfiança só cresce. o desespero engorda. as falências não abrandam. a depressão acelera. a revolta é latente. o precipício é ali.
portugal está num impasse. as eleições estão à porta. as férias também, mas muitos portugueses não vão sair de casa. os políticos insultam-se. o clima é crispado. os comentadores fazem ruído. as televisões amplificam a má onda. as boas notícias reformaram-se. as más são dominantes. os partidos e os políticos não se entendem. mas era bom que se entendessem e que, por uma vez, mostrassem que valem cada cêntimo que custam. está na hora de alguém nos dar esperança. mas não há ninguém à vista. portugal precisa de obras. e de gente nova. portugal tem que ter futuro, mas ele está em parte incerta. dão-se alvíssaras a quem o encontrar. talvez a troika liberte alguma verba para a recompensa. os portugueses, por isso, não se importam certamente de pagar mais um imposto.
ricardo.d.lopes@sol.pt