portugal perdeu, há poucos dias, a candidatura à ryder cup, competição de golfe e terceiro maior evento desportivo do mundo, que seria a tacada certeira para acelerar o desenvolvimento do litoral alentejano. o tgv e o aeroporto de alcochete, que podiam encurtar distâncias, estão em stand by, ainda que já haja a operação aérea de beja. e, sobretudo, há a crise financeira e o aperto no acesso ao crédito.
é certo que os grandes projectos turísticos previstos para a frente atlântica, maioritariamente em grândola – de grupos como a sonae, espírito santo ou queiroz pereira, todos de potencial interesse nacional (pin) – estão a avançar, agora que estão ultrapassadas as questões ambientais e burocráticas (ver mapa). mas a cautela tem sido quem mais ordena. «os projectos vão avançar. o que poderá ter mudado é o ritmo a que serão implementados, devido aos condicionalismos financeiros», diz o presidente do turismo do alentejo, ceia da silva.
burocracia e crise
«entre 2005 e 2008, a morosidade do licenciamento impossibilitou a colocação de investimento no terreno e o início das vendas antes do despoletar da crise financeira. de 2008 a 2010, houve a natural prudência de promotores, mas também de instituições financeiras, no arrancar de projectos desta dimensão na actual conjuntura», justifica eduardo abreu, da consultora de turismo neoturis.
«não está claro o perfil da procura pós-crise, sobretudo do mercado internacional, pelo que os business plans de 2007/2008 estão a ser revistos com consequências no preço, velocidade de vendas e investimento nas fases iniciais dos projectos», continua. e sublinha que as unidades já em operação, como o troiaresort, podem ficar aquém do previsto, porque os restantes resorts ainda não avançaram. «estes projectos são pensados a dez anos, indo aos 20-30 anos até terem a operação consolidada. também o pico de fluxos de caixa negativo associado ao investimento inicial antes de gerar vendas imobiliárias pode ser significativo na actual conjuntura», detalha.
metas de 2015 só em 2020
em 2008, em entrevista ao sol, o presidente da câmara de grândola, carlos beato, afirmava que até 2015 seriam investidos três mil milhões de euros em complexos turísticos no concelho, criando 20 mil camas e 15 mil empregos. hoje, mantém os números mas envia a sua concretização para 2020, devido à retracção do mercado e à situação do país.
ainda assim, o também presidente do pólo turístico do litoral alentejano evidencia as apostas recentes na península de tróia – o grupo pestana lançou segunda-feira a primeira pedra do seu eco-resort – para comprovar que os promotores mantêm a confiança na região.