em directo, a partir de queluz, josé alberto carvalho não escondia o desalento ao balbuciar algo como «pelos vistos, tivemos todos a mesma ideia». o problema já nem é que a ideia não seja nova. no fundo, diz-nos apenas que a ‘espectacularização’ da noite de eleições chegou ao tecto: debates e exigência de reacções a projecções, opinião em estúdio geralmente pouco respeitada e que apenas serve para encher os intervalos das comunicações oficiais e descabidas propostas de inovações tecnológicas que nada acrescentam.
mas este ano, no capítulo das ideias peregrinas, a rtp1 leva o primeiro prémio. tendo iniciado desnecessariamente a emissão uma hora e meia antes das 20h, tentou agarrar-se desesperadamente à estimativa da abstenção e a directos que encontravam salas vazias. mas o clímax chegou de mota, com a jornalista que teve o privilégio de fazer a contabilização dos quilómetros que distavam entre os hotéis onde se encontravam psd e ps. já josé rodrigues dos santos, no pós-eleições, mostrou-nos um quadro com as palavras mais citadas na noite e o espanto perante a conclusão que coelho fora mais referido do que sócrates mas, imagine-se, pedro não mereceu tantas menções como josé.
é sabido que estes pesados directos são difíceis de manter num nível constante de interesse – e, apesar de tudo, a emissão mais consistente a partir das 20h foi mesmo a da rtp –, mas os jornalistas não podem abandonar-se ao serviço de uma ideia de entretenimento que descredibiliza o seu trabalho e reduz tudo à mesma falta de seriedade.