a erupção dos protestos generalizados em espanha, motivados pelo movimento 15-m e sob a batuta da ‘democracia real já’, trouxeram junto com as manifestações um cenário de pacifismo e união que parecia reinar entre os milhares de aderiam à causa.
na quarta-feira, contudo, as cerca de 2 mil pessoas que se reuniram à porta do parlamento regional da catalunha, em barcelona, bloquearam a entrada de vários deputados no hemiciclo. a polícia interveio, e as imagens divulgadas mostraram, acima de tudo, violência e desordem.
a estas noções rapidamente se juntaram acusações variadas, desde o radicalismo até à anti-política.
mas a violência que pairou sobre o protesto foi provocada, aponta o 15-m citado pelo el país, por grupos minoritários de indivíduos que não representam o movimento. foi nestes grupos que, defendem, incidiram os holofotes da cobertura mediática.
em comunicado, o movimento condena a «manobra comunicativa» por parte dos órgãos de comunicação social para «desacreditar o movimento» que, enfatizam, «sempre apelou à calma e não-violência em todas as acções e mobilizações» nas quais participou ou apoiou.
cobertura mediática indigna os já indignados
um porta-voz do movimento, josé luis serrano, levantou suspeitas sobre a autoria dos desacatos violentos: «não seria a primeira vez se tiverem sido gerados por infiltrados da polícia», suspeitou, antes de condenar as imagens divulgadas do protesto que, critica, não mostraram por exemplo os vários manifestantes que tentavam pôr fim à violência.
a violência foi o rastilho numa polémica que a telemadrid tratou de incendiar. a cadeia televisiva divulgou, aponta o diário abc, uma peça que abordava os confrontos de barcelona com imagens da violência entre polícia e manifestantes em atenas, capital da grécia.
o vídeo mostra imagens do jornal el mundo, onde manifestantes gregos lutam contra a polícia com paus, e onde se notam igualmente várias bandeiras gregas.
veja aqui o vídeo publicado pela telemadrid.
esta alegada «manobra comunicativa» já provocou uma alternância na opinião pública espanhola, que encara agora de maneira diferente os protestos da ‘democracia real já’.
ignacio camacho, colunista do jornal abc, lembrou «o risco do 15-m cair no radicalismo violento» após os acontecimentos ocorridos no parlamento de barcelona, reforçando que o movimento necessita «recuperar a credibilidade e simpatia popular».
fulcral será, prossegue, evitar que o movimento «deslize para uma [natureza] anti-política».
polémica e violência à parte, o movimento já está a reunir os preparativos para nova manifestação: «a nossa luta continua domingo, às 17 horas [16 horas portuguesa] na praça catalunha», refere o 15-m no mesmo comunicado.
na famosa praça de barcelona vão ecoar os novos gritos de protesto, desta feita dirigidos aos cortes sociais impostos pela comunidade europeia no seu ‘pacto do euro’, algo que, condenam, «empobrece a cidadania».
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