este princípio é apontado pelo grupo ‘democracia real já’ – originado no movimento -, como «algo que o psoe e o pp [principais partidos políticos do país] nunca vão entender». as declarações, citadas pelo el mundo, são de uma fonte no seio do grupo, que remete para a existência de um ‘escudo’ que rodeia o 15-m e que dificilmente será quebrado.
«ninguém pode dizer que está a negociar com o 15-m, porque o 15-m não tem líderes, é algo horizontal, algo que o psoe e o pp nunca vão entender [pois] elegem os seus líderes a dedo», apontou, ao contrastar a situação dos principais partidos políticos espanhóis com aquela que se vive no movimento.
«nós somos democráticos e ninguém toma uma decisão em nome dos restantes», esclareceu, ao descrever que «todos debatem, chegam a uma consenso e decidem», afirmando, em suma, «ser essa uma democracia real, e não [a dos partidos], que se auto-denominam democratas».
as palavras oriundas de um membro de grupo surgem face às pontuais notícias que dão conta da aproximação de alguns partidos do 15-m, cujas tentativas visam, sobretudo, o grupo ‘democracia real já’, considerado o mais jovem e moderado do movimento.
mas ambos os aglomerados fazem questão de, repetidamente, que as aproximações a membros específicos será infrutífera, pois, garante, os indivíduos «apenas se representam a si próprios». quanto aos alegados contactos com porta-vozes do 15-m, estes «apenas transmitem [mensagens], não representam», assegura a fonte do movimento.
também esta terça-feira o el país noticiou que o parlamento espanhol chegou a acordo, por unanimidade, para o início do estudo e discussão de algumas propostas do 15-m. a decisão marca a primeira vez, desde o início dos protestos a 15 de maio, que os protestos chegam oficialmente à discussão política do país, apesar de, teoricamente, já orientarem a sua agenda.
a decisão prevê, contudo, que no parlamento possam comparecer representantes tanto do 15-m como do movimento ‘democracia real já’ para apresentarem propostas concretas. e aqui reside o suposto desafio.
a ausência de líderes evocadas pelos movimentos e a resignação da existência de representantes, poderá dificultar a ligação directa entre os protestos que se ouvem nas ruas e o parlamento. tudo dependerá do grau de intransigência do 15-m, e na sua capacidade em apresentar, segundo joan giado, porta-voz da esquerra republicana, partido político mais antigo da catalunha, «propostas realistas» no parlamento espanhol.