A ilha mais verde do mundo

Em 2018, 75% da electricidade da Graciosa, nos Açores, virá de fontes renováveis

a ilha graciosa, nos açores, está prestes a tornar-se a primeira ilha do mundo abastecida por energias renováveis. em 2012, as energias solar e eólica serão os principais recursos energéticos da ilha, o que fará diminuir as emissões de dióxido de carbono.

o projecto é da empresa alemã younicos, especializada em energias renováveis, que escolheu a graciosa devido à dimensão e aos seus recursos energéticos.

«a meta é que, em 2018, 75% da produção de electricidade provenha de fontes renováveis», afirma ao sol josé cabral vieira, director-regional para o sector da energia. os restantes 25% poderão provir de motores a diesel, ou, caso tal seja viável, a biodiesel. «pensa-se, também, na possibilidade do aproveitamento de biomassa».

para cumprir estes objectivos, a tecnologia passa pela construção de baterias capazes de armazenar a energia. já está em fase de testes em berlim, onde se simulam as condições naturais da ilha.

para josé cabral vieira, esta é uma iniciativa que reforça a ideia de que os açores estão na vanguarda das energias renováveis, uma vez que a graciosa não é caso único. a ilha do corvo está envolvida num projecto com o mit (massachusetts institute of technology) portugal chamado corvo sustentável.

outro exemplo é o caso da ilha das flores, que durante algumas horas – por vezes oito e nalguns dias até 100% – é abastecida a partir de fontes renováveis. o que «constitui um motivo de orgulho para a população aí residente».

na graciosa, a expectativa é a mesma: «na verdade, todos gostam de ter algo que valorize e distinga positivamente a sua ilha do ponto de vista energético e ambiental».

o projecto pode ser levado para mais ilhas dos açores como santa maria ou até a outras ilhas fora de portugal, «mas terá sempre o nome da graciosa associado» por ter sido a primeira.

mesmo depois de implementado, os principais emissores de co2 continuaram a ser os transportes rodoviários, que poderiam sempre ser substituídos «por veículos eléctricos». no entanto, a sustentabilidade depende de factores alheios à ilha – é preciso esperar pela produção em massa para o mercado mundial e pela redução dos respectivos custos médios. «o ‘totalmente’ renovável pode levar mais alguns anos», considera cabral vieira.

o problema dos transportes e do co2 que libertam é, definitivamente, uma das questões ambientais mais difíceis de superar.

mesmo em växjö, a cidade mais verde da europa, os 1,2 milhões de habitantes que vivem naquela região sul da suécia continuam a usar o carro para fazer viagens de apenas cinco minutos.

por esta razão, uma das medidas adoptadas para incentivar a escolha de veículos menos poluentes, como os híbridos ou os eléctricos, foi a de tornar o estacionamento grátis para quem optasse por conduzir sem recorrer à gasolina ou ao gasóleo.

joana.andrade@sol.pt