A hora do pontapé feminino no futebol

Também são modelos fora dos relvados, também inventam faltas dentro deles, também marcam golos fabulosos. Mas não enchem estádios, não ganham nada que se compare aos homens e não suscitam rivalidades ao mais alto nível.

se no sector masculino o trono tem vindo a mudar de dono – de cannavaro para kaká , de cristiano ronaldo para messi –, no feminino assiste-se ao reinado absoluto da brasileira marta vieira da silva. o seu prestígio, determinante para a criação, em 2009, da liga de futebol feminino dos estados unidos, eleva-a a cabeça de cartaz do mundial que começou neste domingo, mas não chega para roubar o favoritismo à selecção anfitriã.

gata é mascote

bicampeã do mundo, a alemanha conta com o ‘factor casa’ para tentar o ‘tri’. enquanto a bola não rola, as jogadoras germânicas têm participado em acções de promoção, como deixarem-se fotografar para a capa da playboy, mostrando que no futebol feminino existe espaço para o glamour.

este piscar de olho para um desporto pouco seguido na europa – continente que pela segunda vez recebe o mundial – levou à escolha da gata karla kick para mascote. «ela capta a alegria, o encanto e a agilidade do futebol feminino», notou thierry weil, director de marketing da fifa.

por efeito ou não das acções promocionais, a corrida aos bilhetes tem sido um êxito. na contagem decrescente para o pontapé de saída, no estádio olímpico de berlim entre as selecções da alemanha e do canadá, estão vendidos cerca de 80% dos 900 mil ingressos disponibilizados para os 32 jogos do mundial.

«estamos muito entusiasmados com esta tremenda resposta», comentou o presidente do comité organizador. e o entusiasmo de steffi jones tem razão de ser. os quatro mundiais já realizados fora da europa, jogados na china e nos estados unidos, registaram assistências acima dos 25.000 espectadores por jogo, mas o único que teve o velho continente como palco, em 1995 na suécia, não ultrapassou a média de 4.315 espectadores – num país em que o futebol feminino é muito praticado (ver caixa).

remonta a 1894 o nascimento do futebol feminino, quando nettie honeyball, activista dos direitos da mulher, fundou o ladies football club. mas só em 1991 se disputou o primeiro mundial, com a vitória dos estados unidos – repetida em 1999. a noruega ganhou em 1995 e a alemanha nas duas últimas edições.

ao trunfo brasileiro chamado marta – jogadora do ano nas últimas cinco temporadas –, as germânicas contrapõem a veterana birgit prinz, que alcançou aquela distinção em 2003, 2004 e 2005. já as norte-americanas, líderes do ranking mundial feminino, têm em christie rampone a maior estrela. estas são as selecções que reúnem maior favoritismo. as anfitriãs estão no grupo a comcanadá, nigéria e frança. no ‘c’, os estados unidos medirão forças com a coreia do norte, a colômbia e a suécia. e no ‘d’, o brasil irá opor-se à austrália, à noruega e à guiné equatorial. o grupo b é formado pelo japão, nova zelândia, méxico e inglaterra.

pedro.p.fonseca@sol.pt