pensamento
vivo os aniversários com grande alegria
o mundo está com muita política, com muitos mercados e com muito dinheiro.
hoje, não quero escrever sobre nada disso. quero escrever sobre a família, o amor, a amizade. caretice? não sei. possidoneira? o que quiserem. estou farto de não ouvir falar daquilo que é mais importante.
debates, eleições, troikas, acordos, memorandos. e princípios? e valores?
o tempo impõe que se fale muito de taxas, de impostos, de flexibilizações. são as circunstâncias, porque as pessoas não são piores nem melhores do que noutros tempos.
nestes dias a que damos significado temos de pensar um pouco mais no rumo – nosso e dos outros. com o que já conheço da vida, importa-me contar com aqueles de quem gosto e que sei que me querem bem.
num dia como o de hoje, dou muitas graças a deus por tudo o que tenho e peço-lhe, especialmente, que proteja e conforte os que sofrem.
tenho pena dos que não se esforçam por se conhecer a si próprios, dos que vivem correndo a olhar só para os outros, dos que traem e não se arrependem mas também dos remorsos dos que sabem que têm muito de ‘brutus’.
sentimento
sou mais conciliador com os adversários e mais exigente com os que me são próximos
sou um homem de fé, com muitos pecados. um homem com cinco filhos, de três mães, que comigo os educaram e educam para respeitarem os outros e se respeitarem a si próprios.
para todos, no dia de hoje, no mundo de hoje, quero dar o testemunho de como os sentimentos são importantes na vida. todos sabemos que, por vezes, pessoas da mesma família não se dão bem e chegam a não se falar. de facto, é assim. muitas pessoas sentem que não bastam os laços familiares para as pessoas serem amigas; e que, inversamente, pessoas amigas tornam-se pessoas de família.
quando se tem um bem, é frequente considerar-se isso um dado adquirido. puro engano. do amor costuma dizer-se que tem de ser regado todos os dias. mas, em minha opinião, a amizade também.
aquela conversa de que os amigos são aqueles que estão lá apesar de nunca aparecerem, não faz sentido nenhum. quem é amigo sente a falta e aparece, importa-se, cuida.
hoje em dia, muitos pensam que se pode continuar a ser amigo mesmo nada fazendo por isso. puro engano. a amizade, se não esquece, também esmorece. o ditado ‘longe da vista, longe do coração’ também se aplica a esse sentimento.
hoje em dia, penso e sinto assim também na política. olho para os meus adversários e, para lá dos defeitos, procuro sempre descobrir-lhes as qualidades.
será essencial, para ganhar na política, olhar só para os defeitos? não sei. mas reconheço que os meus amigos têm razão quando dizem que estou muito mais ‘consensual’. esta semana, por exemplo, como tive uma troca de palavras muito acesa com fernando rosas, na prova dos nove da tvi 24, falaram-me várias pessoas a expressarem a sua satisfação por estar de volta o meu «antigo estilo em debates».
é verdade. hoje sou mais conciliador com os adversários e mais exigente com aqueles que me são próximos. certo? errado? eu sei, eu sei que depende.
que me perdoe o director do sol por quase o estar a imitar nos seus inimitáveis escritos de reflexão sobre a condição humana que, semanalmente, assina na tabu. mas é o que hoje quero escrever.
quero dar público testemunho das graças que dou pelo que tenho na vida. já caí, já me levantei, já ri e já chorei, mas de tudo dou graças. procuro entender a vida na fé e procuro ter cada vez mais presente o que é transitório e acessório. e estabelecer bem a diferença com o que é essencial ou, mesmo, transcendental.
na vida são muito importantes os que são iguais em todas as circunstâncias. sei muito bem quem fala porque o facebook lembra e quem liga porque o sentimento não deixa esquecer. e sabem que mais? cada vez me esqueço mais de datas.
julgar os outros? lá está: se soubermos fazer o mesmo connosco.
temos um novo governo com um novo programa. o tema principal é a economia, seguramente. mas lembrou o novo primeiro-ministro, no discurso da tomade de posse, que temos de olhar pela dignidade nacional.
impostos, taxas, flexibilizações?
filhos, pais, irmãos, família, amor e amizade. pátria, nação, liberdade, trabalho, justiça. respeito, tolerância, coragem, solidariedade.
ensinamento
o padre armindo é sempre lembrado no meu aniversário
no dia do meu aniversário lembro-me sempre do padre armindo garcia, ordenado cónego no passado sábado. foi ele quem ensinou turmas de rapazes de 10, 11 e 12 anos no liceu padre antónio vieira, que «a vida vale a pena se deixarmos o mundo um bocadinho melhor do que o encontrámos». numa dessas turmas, a turma a, estavam seres tão diferentes quanto francisco louçã e eu, entre muitos outros. e nenhum de nós se esqueceu. e cada um de nós, estou certo, respeita o ensinamento e procura praticá-lo à sua maneira.
os meus alunos, os meus interlocutores na minha vida profissional, os que me lêem no sol, os que me ouvem na tvi, concordarão com essas palavras do padre armindo. o filho do meu filho mais velho, o meu neto sebastião, há-de entender.
a direcção do sol não se zangará comigo por eu não falar da política. nem a ‘patroa carolina’. também aqui há bons amigos. ainda hoje, pouco depois da meia-noite, recebi palavras que o confirmaram.