Festi (não) vais

Sem transportes públicos atafulhados, sem filas intermináveis para a entrada, sem horas de pé, sem filas para a casa de banho, sem dificuldades em ver o palco no meio de gigantes ou estar tão longe que para os olhos tanto pode ser Britney Spears como Tina Turner, sem filas para comer, sem retiradas estratégicas antes…

começou esta quarta-feira a época rija dos festivais de verão. e com ela, claro, esta saudável prática de poder ver concertos a partir do sofá, de comando na mão para rejeitar os mais chatos. nem sempre na íntegra, nem sempre dos cabeças de cartaz, nem sempre em directo, mas sempre com uma comodidade irresistível. há anos que a sic radical (e, por vezes, também a sic mulher) segue de perto, sempre disponível para transmitir os concertos para os quais obtém autorização, mas este ano a promotora do optimus alive criou um canal televisivo online (everything is new tv) que permite assistir a alguns concertos em directo, à semelhança do site criado pela bbc para o histórico festival de glastonbury no final de junho, com transmissão de dezenas de espectáculos.

o pior nas emissões da sic radical é que, quando as autorizações não chegam, o espaço é ocupado com reportagens iguais todos os anos, parcas em ideias, sem capacidade de apelar à irreverência que o canal reclama. e os ‘comentadores’ primam, regra geral, pelas piadas privadas, por uma despreparação confrangedora e por comentários aos concertos que quase sempre se resumem a um «foi muito bom» e a um elencar dos temas tocados. e isso, pelo contrário, é muito mau.