Arrendamento tem preços desajustados

O arrendamento continua a não ser, em Portugal, uma alternativa à compra de casa.

apesar das intenções da troika em agilizar os despejos por incumprimento no pagamento de rendas ou fomentar a reabilitação urbana, vai levar algum tempo até o segmento do arrendamento se tornar uma verdadeira solução alternativa à compra de habitação própria em portugal, segundo especialistas do sector imobiliário ouvidos pelo sol.

«os preços do arrendamento continuam demasiado altos e desajustados face ao valor dos imóveis», diz paulo fernandes, director-geral da fita métrica. «hoje continua a ser mais caro alugar uma casa do que comprar. e portugal é um país tendencialmente comprador», acrescenta o responsável. belen rodrigo, presidente da re/max portugal adianta ainda que a oferta de arrendamento é «deficitária» em portugal

tanto a fita métrica como a era portugal referem que a procura de arrendamento tem aumentado nos últimos dois anos, mas sobretudo devido à falta de crédito na banca para a compra de casa e não por ser uma melhor opção. «o arrendamento é um barómetro da concessão de crédito, quando este desce, o arrendamento sobe», diz miguel poisson. ou seja, a procura recente do arrendamento é, sobretudo, conjuntural e não uma mudança de atitude dos clientes.

o director-geral da era portugal acredita que a opção de compra de casa vai continuar a dominar em portugal, sobretudo numa época em que as reformas futuras vão cair, o que levará as pessoas a optar por possuir um activo seu. «a compra continuará a ser uma tendência mais estrutural do que o arrendamento. este surge como uma segunda opção sempre que a compra não é possível ou numa fase transitória», salienta, belen rodrigo da re/max.

na fita métrica, o arrendamento representa hoje 50% das transacções (30% em 2008), mas apenas 16% da facturação e apresenta taxas de incumprimento elevadas que são penalizadoras para o negócio, diz paulo fernandes. are/max registou em 2010 uma subida de 12% nos arrendamentos face a 2009 e a tendência é para se manter no futuro, diz a imobiliária. no total de negócios da re/max, 35% das transacções são de arrendamento.

a restrição do crédito na banca para a compra de habitação e os elevados preços praticados no arrendamento estão a levar as famílias a uma encruzilhada. paulo fernandes adianta que tem recebido «imensos casos» de downsizing habitacional – troca da habitação actual por uma mais pequena –, sobretudo nas periferias dos grandes centros urbanos como a margem sul, zona oeste e sintra. já belen rodrigo refere que tem recebido casos de particulares que vendem a casa para arrendar outra, por lhes dar mais flexibilidade e certeza de quanto vão pagar no final do mês.

luis.goncalves@sol.pt