mas a aparente celeridade na actuação e na transmissão de algo que era já um fenómeno lembra-nos, cada vez mais, o papel subalterno a que a televisão se tem votado – contenta-se em ser amplificador.
tornou-se recorrente ouvirmos amigos que já não adormecem no sofá, de pestanas a fechar a loja enquanto csi, californication, rockefeller 30 ou qualquer outra escolha tardia invadem o ecrã, e pegam antes no sono de computador portátil ao colo. porque a televisão tem uma oferta mais limitada e condicionada pelas escolhas da programação e dos horários, claro, mas também porque os vídeos que são despejados para a internet não precisam de cumprir as formatações próprias das televisões. essa independência, por sua vez, confere-lhes uma possibilidade de (re)agir directamente sobre a realidade e tornar-se uma arma mais actuante e expedita, sem serem escravos de máquinas burocráticas e pesadas para a realização de um filme, por mais curto que seja.
esta semana, um vídeo português realizado por um publicitário mostrava alguém a recolher lixo de vários caixotes, dirigindo-se depois a um posto de correios e expedindo-o direitinho para a moody’s. esta subversão é perigosa para a televisão. não pelo vídeo em si, mas por facilmente percebermos que do outro lado do ecrã estão eles; e do outro lado do ecrã do computador estamos nós. uma distância que, com o tempo, pode tornar-se corrosiva.