a recessão económica está a tornar alguns potenciais clientes cada vez mais relutantes em comprar ou arrendar habitação, enquanto a forte restrição ao crédito e a subida dos spreads da habitação – que subiram 50% desde 2009, devido ao incremento dos juros do bce – está a impossibilitar a aquisição de imóveis pelos restantes.
segundo dados da associação dos profissionais e empresas de mediação imobiliária de portugal (apemip), no mês de abril realizaram-se 14,7 mil transacções imobiliárias, uma queda de 19,7% face a março e o valor mais baixo desde 1992. o número de transacções de imóveis residenciais em portugal deverá cair 31% este ano face a 2010 e para metade das realizadas em 2007,avançou ao sol, joaquim montezuma, director-geral da imoeconometrics, empresa de resaech especializada no mercado imobiliário.
luís lima, presidente da associação, refere em declarações ao sol que 2011 «poderá ser o pior ano do sector desde 2000», com o provável encerramento de centenas de imobiliárias. em 2008, existiam mais de 6 mil mediadores imobiliários, hoje não passam de três mil.
porém, os milhares de imóveis que a banca está a receber devido ao crescente incumprimento dos seus clientes estão a ser canalizados para as agências através de parcerias que permitem aos interessados obter vantagens, tais como o financiamento a 100% ou um spread até metade do valor cobrado numa transacção normal.
o interesse dos clientes nestes activos tem disparado e o negócio florescido. a era portugal, que tem em carteira cerca de 4 mil imóveis oriundos da banca, duplicou as vendas deste segmento este ano. na fita métrica, o peso das transacções de penhoras representa hoje 20% das vendas totais contra 5% de há um ano, com as vendas a subirem 400%, diz paulo fernandes, director-geral, ao sol. já a re/max só arrancou este ano com esta área da venda de imóveis em maior escala. a imobiliária diz ter em carteira cerca de 3,5 mil casas para venda oriundas do sector financeiro.
mas além das penhoras da banca, a actividade das imobiliárias está a ser suportada também pelos investidores, sejam eles institucionais ou particulares com grande capacidade financeira, que estão a canalizar as suas poupanças do sector financeiro para o sector imobiliário a fim de aproveitarem os baixos preços das casas e rentabilizar os activos no futuro.
entre 2007 e 2011, o preço da habitação desceu 7% em termos nominais, de acordo com a imoeconometrics. segundo miguel poisson, director-geral da era portugal, «o sector imobiliário está a oferecer hoje algumas das melhores oportunidades de negócio dos últimos anos». a compra de imóveis a pronto pagamento quadruplicou este ano na era portugal, enquanto na fita métrica o peso dos negócios com investidores tem hoje um peso de 20% na facturação contra 5% registado em 2010.
«este é um excelente momento para comprar», adianta a presidente re/max em portugal, belen rodrigo.
ainda assim, as imobiliárias admitem que o ano de 2011 vai ser difícil e que poderá representar uma queda nos ritmos de crescimento face aos anos anteriores.
com uma descida nas vendas de 17,4% no primeiro semestre em relação ao período homólogo de 2010, a fita métrica estima que 2011 poderá ser o pior ano desde 2008. porém, a empresa registou forte expansão nos últimos três anos com taxas de crescimento de 42% em 2008, 61% em 2009 e 10,2% em 2010. já a era portugal espera manter ou crescer ligeiramente face à performance de 2010 (12 mil transacções e vendas de 1,6 milhões de euros). nesse ano, a imobiliária aumentou a sua facturação em 24% face a 2009. a agência mantém ainda o objectivo de duplicar a quota de mercado até 20% em 2013 e abrir 22 lojas este ano.
belen rodrigo diz que, ainda assim, o imobiliário profissional está em contra-ciclo porque a dificuldade de os proprietários venderem directamente está a levá-los a recorrer às agências profissionais como a re/max. «apesar das quebras no número total de vendas, as vendas realizadas por profissionais crescem porque estão a ganhar quota à venda directa», diz a responsável. a re/max prevê que 2011 seja um ano «difícil» tal como já tinha sido 2010 quando o número de transacções subiu 20% face a 2009. a re/max tem uma carteira de quase 60 mil imóveis, dos quais 11% são para arrendamento.