passaram 20 minutos depois do toque que pôs fim a um exame de melhoria. a manhã acabou de acabar. na biblioteca da secundária daniel sampaio há dez alunos do 12.º ano prontos para falar. sente-se orgulho e nervoso miudinho.
são todos excepção à regra. este ano as negativas no exame de matemática a, do 12.º ano, dispararam. a taxa de reprovação atingiu os 20 por cento na primeira fase, contra 13 por cento em 2010. apesar de a disciplina ter mantido uma média positiva, desceu de 12,2 para 10,6 valores.
para falar da receita para o vinte ficam apenas quatro dos dez alunos do início desta história. um 20, um 13, um 15 e outro 20. da esquerda para a direita: ruben leston, mónica mendes, miguel mouzinho e patrícia pires.
concordam que o bom resultado não tem uma receita com muitos ingredientes. é preciso «trabalho, trabalho e trabalho». dá jeito «gostar do que se está a fazer» e «acreditar que se vai conseguir».
todos têm ocupações fora da escola, cursos mais ou menos escolhidos e férias alinhavadas. garantem quase em coro que não há muitas coisas que deixem de fazer por terem de estudar.
ruben leston, 18 anos, o primeiro a contar da esquerda, vai estudar medicina ou engenharia espacial, ainda não decidiu. tem uma média de «18 ou 19, dependendo de como correrem as melhorias», joga futebol e pratica natação.
«temos de aprender a dosear o esforço. tudo o que é demais é exagero. não deixo de fazer nada por ter de estudar. quando acho que estou a trabalhar demais vou dar uma volta, apanhar ar», contou.
muitas vezes, acrescentou, «a matemática é uma forma de escapar ao resto»: «quando começamos a fazer exercícios e a estudar nem damos pelo tempo passar».
na outra ponta da mesa, patrícia pires, 17 anos, vai estudar medicina. a média de secundário passa dos 18. este ano praticou atletismo e também sente o tempo a fugir quando faz exercícios de matemática. no dia do exame, diz, é importante que se «controlem os nervos».
«acho que o melhor que temos a fazer antes de entrar para a sala de exames é controlar os nervos, a ansiedade e aquele turbilhão de emoções [por] sabermos que [o exame] é aquilo que nos distancia de conseguirmos atingir o nosso objectivo, que aquelas duas horas são o tudo ou nada», disse.
miguel mouzinho, 18 anos, o da cadeira número três, quer ser engenheiro mecânico. tem uma banda e participa num programa de rádio. teve 15 no exame e vai tentar fazer melhor na segunda fase. diz que as explicações o ajudaram a consolidar a matéria e a combater a preguiça, e dá parte do mérito da nota à professora. depois ouve-se um coro, elogios vezes quatro.
que é dedicada, amiga, exigente, que é também responsável pelas notas. fátima guerreiro está há três anos com as três turmas de ciências da escola. à lusa disse considerar que, «mais importante do que contar os vintes, é olhar para o percurso fabuloso que muitos alunos tiveram».
mónica mendes, 18 anos, sentada na cadeira número dois, teve 13 valores no exame de matemática. é atleta de alta competição e sai do secundário com uma média de 15. «no primeiro teste, no 10.º ano, tive negativa. não estava habituada ao ritmo da professora. tive de me esforçar, trabalhar mais», contou.
a juntar a isto, acrescenta, com todos a assentir, pesa a favor o facto de funcionarem «como uma espécie de família»: «somos todos amigos, ajudamo-nos e quem sabe mais ensina a quem sabe menos».
dos 38.391 alunos que realizaram o exame de matemática a na primeira fase, 135 obtiveram 20 valores.