Agrária de Santarém tem escola que preserva raça em risco de extinção

A Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS) tem a funcionar uma escola de equitação que se tornou num dos núcleos de preservação e divulgação do cavalo do sorraia, uma raça primitiva única no mundo, em risco de extinção.

«A nossa escola tem duas vertentes essenciais – promover a equitação como modalidade característica desta região e contribuir para a preservação do cavalo do sorraia», fazendo reprodução e contribuindo para a divulgação das suas funcionalidades, diz à agência Lusa o responsável pelo núcleo, Paulo Pardal.

A raça tem apenas cerca de 200 indivíduos em todo o mundo (Portugal e Alemanha). Portugal possui alguns núcleos que visam a reprodução e conservação da raça, sendo o da ESAS o único constituído apenas por cavalos desta raça – duas éguas e cinco garanhões -, cedidos pela Fundação Alter Real.

Paulo Pardal realça as qualidades do cavalo do sorraia, tanto para a iniciação à equitação como para a hipoterapia e equitação terapêutica, modalidades acolhidas na escola.

Além das aulas particulares (a cerca de 60 alunos) «a preços razoáveis», a ESAS tem protocolos com a vizinha escola básica de 2.º e 3.º ciclos Alexandre Herculano, no âmbito do Desporto Escolar, com infantários particulares e da Misericórdia de Santarém, com o Projecto de Intervenção Precoce de Rio Maior e com a Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) do Vale de Santarém.

«Este é um cavalo óptimo para as crianças, pelo seu tamanho – são considerados póneis porque medem menos de 1,50 metros ao garrote, o que faz dele um cavalo óptimo para a iniciação à equitação – e pela sua docilidade», o que os torna também úteis para a hipoterapia e a equitação terapêutica, mesmo com adultos, afirmou.

Luís Braz, fisioterapeuta no Centro de Saúde de Rio Maior e membro da equipa do Projecto de Intervenção Precoce, que há cinco anos traz as crianças com que trabalha à escola da ESAS, confirma.

«São cavalos ideais para esta actividade», disse à Lusa, frisando que a opção pela escola de equitação da ESAS para trazer as crianças envolvidas no projecto (dos zero aos seis anos), actualmente seis, teve a ver com a falta de recursos locais, com a abertura da escola e com o facto de «este tipo de cavalo não se conseguir encontrar em muitos sítios».

Paulo Pardal sublinhou que a escola de equitação da ESAS não visa o lucro, mas tem a preocupação de conseguir cobrir os custos da sua manutenção.

Além do serviço prestado à comunidade, a escola serve ainda de base ao Curso de Especialização Tecnológica (pós secundário) de Maneio e Utilização do Cavalo, ministrado na ESAS e que inclui um estágio profissional em contexto de trabalho.

Por outro lado, o núcleo apoia a leccionação de disciplinas dos vários cursos superiores da ESAS e tem participado em inúmeras iniciativas e espectáculos que visam a divulgação da raça, disse.

Lusa/SOL