o sensacionalismo que se percebia a quilómetros na exploração de um caso tão mediático quanto trágico fazia já temer o pior quando chegasse a hora do jornal da noite. as suspeitas tinham, infelizmente, fundamento.
o que a sic pomposamente chamou «entrevista» foi algo ao nível de qualquer momento paparazzo, de um vulgar programa de celebridades de hollywood ‘assaltadas’ a cada passo. e o que foi exibido no jornal da noite foi uma rampa de mau jornalismo que hélio imaginário (o novo fenómeno viral da internet) não demoraria a descer. até se estatelar. como a sic fez, com estrondo. ora a ‘entrevista’ consistiu numa espera montada frente à casa da actriz até esta, regressada de mais um tratamento no hospital, sair do carro e lhe enfiarem uma câmara em cima, sem qualquer permissão para aquela invasão de um momento delicado. depois, no meio de elogios à sua recuperação, uma pergunta tão atabalhoada que era, em simultâneo, um pedido de mensagem para as pessoas que passaram por uma situação semelhante, mas também para fãs e familiares. e, satisfeito o pedido, a ‘entrevista’ terminava.
como se a total ausência de decoro não fosse suficiente, e talvez até pasmada pelo que lhe era dado a ‘noticiar’, clara de sousa trocou o brazão por araújo e trouxe a apresentadora da rtp à baila por lapso. seguiu-se ainda a opinião de um especialista sobre a recuperação da actriz, antecedida pela preciosa informação de que não tinha «um conhecimento profundo do caso». profundo, aqui, só mesmo o desrespeito – por sónia brazão, pelos espectadores e pela profissão.