Islão impõe Ramadão e Exército egipcío ‘limpa’ protestos [vídeo

Início do Ramadão, fim dos protestos. O lema parece ter sido adoptado pelo exército egípcio, que esta segunda-feira desmantelou o acampamento dos manifestantes que insistiam em ficar na praça Tahrir, no Cairo, em protesto por uma resolução mais célere dos objectivos vinculados à revolução que, em Fevereiro, levou à deposição de Hosni Mubarak.

os acontecimentos desta segunda-feira relembraram a repressão com que as autoridades de hosni mubarak abordavam as manifestações que espoletaram a ‘primavera árabe’, em fevereiro. o britânico the guardian escreve que centenas de militares ‘invadiram’ a praça tahrir e as ruas do centro do cairo para dispersar os milhares de egípcios que ali se encontravam.

a intervenção dos militares resultou na detenção de, pelo menos, 85 pessoas que se encontravam no centro do cairo.

vídeo: a investida do exército egipcío pela praça tahrir e pelas ruas do centro do cairo.

a investida do exército egípcio irrompeu pelas ruas da capital no mesmo dia para o qual vários movimentos de protesto tinham anunciado a retirada da praça tahrir, explica a associated press, devido ao início do ramadão, que teve nesta segunda-feira o seu primeiro dia.

mas tal não impediu os militares de destruírem tendas e de forçarem os manifestantes a terminar o seu protesto. a edição online do the daily news egypt cita relatos de manifestantes ao avançar com as agressões dos militares a pessoas com telemóveis e câmaras de filmar na mão.

findos os protestos que conduziram à deposição, em fevereiro, do ex-presidente hosni mubarak, milhares de egípcios voltaram a encher a maior praça do cairo há cerca de um mês, após confrontos entre manifestantes e as autoridades que causaram quase mil feridos.

egipto anseia julgamento de mubarak

desde então, enquadra o el país, que os manifestantes voltaram a acampar na praça tahrir, tendo agora no centro dos seus protestos a actuação do governo interino liderado pelo conselho supremo das forças armadas do país e a exigência pela rápida resolução dos objectivos da revolução. e, no núcleo desses objectivos, está o julgamento público de hosni mubarak.

o julgamento do antigo presidente que governou o país durante quase 60 anos com um pulso autoritário está marcado para quarta-feira, na praça tahrir, onde será formalmente acusado de ter sido responsável pela morte de 850 pessoas durante as manifestações de fevereiro.

o dia do julgamento tem sido aguardado com ansiedade um pouco por todo o egipto. as centenas de pessoas que esta manhã ainda se encontravam na praça tahrir temiam o conselho militar declare que o ex-ditador possa não comparecer ao julgamento sob justificação de que não haveria exigência pública suficiente, conta a cadeia al-jazeera.

na passada semana tiveram início os primeiros preparativos para o julgamento público, como as obras de construção de uma jaula de metal onde hosni mubarak será colocado durante a sessão pública que terá lugar no centro do cairo.

diogo.pombo@sol.pt