Estudantes e universidades unem-se nas ruas do Chile contra o Governo

Milhares de estudantes chilenos estão a encher as ruas das principais cidades do país nesta quinta-feira, desafiando o Governo após este ter proibido marchas de protesto em alguns pontos da cidade de Santiago, capital chilena. As manifestações, que se têm alastrado esta semana, exigem um ensino público gratuito, equitativo e de maior qualidade.

o principal foco de tensões centra-se na capital santiago, onde os manifestantes têm ignorado as ordens do governo e marchado em ruas que estavam interditas para tal efeito, noticia o diário espanhol el país. a insistência dos milhares de estudantes tem provocado vários confrontos com a polícia do país, que já recorreu ao uso de veículos munidos com canhões de água e gás.

nos protestos inserem-se milhares de estudantes do ensino secundário e universitário do chile e também várias universidades do país, cujos protestos exigem a gratuidade e equidade no ensino público. o sistema de ensino no país rege-se por um sistema municipalizado, onde cada município se encarregue de gerir os estabelecimentos de ensino.

no centro das propostas do movimento estudantil e universitário está a criação de sistema nacional de educação pública, secundado por um novo sistema de financiamento, uma nova lei de carreira docente dos professores e o transporte escolar gratuito.

os porta-vozes do movimento estudantil e universitário já se reuniram inclusivamente com o ministro da educação do país, ao qual apresentaram o plano onde se incluem, entre outras, as exigências citadas acima.

como resposta, o governo chileno apresentou na quarta-feira uma proposta com 21 pontos às federações de alunos e universidade que compõem o movimento estudantil, adianta o chileno la tercera, proposta que foi recusada por 10 federações universitárias por «ser insuficiente e não responder às exigências» apresentadas.

e o executivo chileno contribuiu ainda mais para acrescer a instabilidade. se as exigências tanto de alunos como de direcções das universidades já tinham colocado o país em sobressalto, a decisão do executivo em proibir as manifestações públicas agendadas para hoje e para sexta-feira veio incendiar ainda mais o descontentamento que paira nas ruas, escreve o diário el mercúrio.

para o centro de santiago o governo tinha decretado a proibição de marcha em várias ruas e praças, mas os estudantes demarcaram a sua oposição e fizeram ecoar as suas vozes de protestos nesses locais, montando inclusivamente barricadas em diversos pontos do centro da capital chilena. a reacção das autoridades não se fez esperar, com a imprensa chilena a avançar, para já, com 38 detenções e com o uso de canhões de água e de gás lacrimogéneo para dispersar manifestações no centro de santiago.

a decisão motivou a apresentação de um recurso em tribunal por parte do movimento contra o ministério do interior liderado por rodrigo hinzpeter e contra a «proibição de uma garantia constitucional de direito à reunião dos cidadãos». a justiça chilena recusou o pedido e ‘permitiu’ assim o «estado de sítio» que paira neste momento no centro de santiago, o expoente dos confrontos violentos que se sucedem em várias cidades do chile.

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