as tensões aumentam no chile à medida que tanto estudantes como universidade exigem ao estado um sistema de educação nacional, que torne gratuito e equitativo o ensino no país. o movimento rejeitou ontem uma proposta apresentada pelo governo, que por sua vez decidiu proibir as manifestações no centro de santigo, capital chilena.
a proibição revelou-se infrutífera. milhares de estudantes acudiram às ruas e encheram o centro da cidade com gritos de protesto, noticia o espanhol el país, ignorando a proibição de se manifestarem que havia sido imposta pelo ministério do interior.
fotogaleria: a repressão violenta da marcha de protestos nas ruas de santiago.
nem mesmo as barricadas montadas pelas autoridades nas principais ruas do centro de santiago impediram uma marcha de milhares, à qual se opunham cerca de mil polícias, numa decisão repressiva que não tardaria a fazer eclodir a violência.
a marcha estudantil resultou na multiplicação dos confrontos entre polícia e manifestantes. às cargas policiais respondiam os estudantes com o lançamento de pedras, num cenário de violência que aumentava a contagem de feridos e detidos com o decorrer da noite, que culminaria em cerca de 90 polícias feridos e mais de 850 pessoas detidas.
«tácticas ditatoriais» lembram pinochet
camila vallejo, presidente da universidade do chile e uma das vozes do protesto, classificou as detenções como «ilegais» e «uma violação de liberdades constitucionais, como o direito à reunião» por parte das autoridades que cumpriam uma ordem de «total repressão» decidida pelo governo.
e, em declarações ao diário chileno la tercera, voltou a sublinhar o que já tinha realçado ontem: «santiago está em estado de sítio».
à voz de vallejo juntam-se inúmeras outras entre os dirigentes universitários e estudantes, que apressaram-se a apontar críticas ao próprio presidente chileno, sebastián piñera, que acusam de ter «recorrido a tácticas ditatoriais», escreve, desta feita, o el mundo, à medida que crescem as comparações com augusto pinochet, ex-ditador que governou o país durante mais de 25 anos.
vídeo: a acção das autoridades contra os manifestantes nas ruas da capital do chile.
nem o facto de piñera ter já apelado ao diálogo e às negociações na sua conta do twitter parece ter amenizado as tensões, conta o lo mercúrio, apesar de ter igualmente avançado com a hipótese de revisão da proposta ontem apresentada pelo governo, cujos 21 pontos foram liminarmente rejeitados pelo movimento estudantil e federações universitárias.
os acontecimentos de quinta-feira marcaram o dia mais débil e violento nos 20 anos de democracia no chile, e, ao que parece, promete intensificar ainda mais as disputas entre governo e estudantes/universidades, que deram já garantias que apresentar queixas nos tribunais do país contra o ministério do interior face aquilo que consideram ter sido um «procedimento repressivo» do estado devido ao «uso excessivo» de força policial .