se a manifestação de quinta-feira ficou a dever, em termos numéricos, a manifestações anteriores, o ímpeto das cargas policiais espoletou um dos piores cenários de violência de sempre desde o início dos protestos do movimento 15-m.
fotogaleria: as detenções e cargas policiais nas ruas da capital espanhola.
desde que as autoridades acabaram com os acampamentos na praça das puertas del sol, no centro de madrid, na terça-feira, que os manifestantes têm tentado reentrar na emblemática praça da capital espanhola, impedidos, porém, pela ‘blindagem’ policial. e, para quinta-feira, tinha sido agendada uma marcha de protesto pelas ruas do centro de madrid, explica o el país, que culminaria diante do edifício do ministério do interior.
e foi esse o local que serviu de gatilho para a violência. a polícia justifica a carga com a tentativa de alguns manifestantes em subirem aos portões do ministério, mas estes negam qualquer provocação ou violência. «batalha campal diante do ministério do interior», são assim descritos os acontecimentos pelo diário abc.
vídeo: a violência entre polícia e manifestantes no centro de madrid.
justificações à parte, o saldo no fim da noite era de quase 30 feridos e quatro detidos, um deles um jornalista do site lainformacion.com, gorka ramos, que reclama a actuação «bastante dura» da polícia, que o terá agredido com golpes «na cintura e na cara», antes de ser atirado ao chão, onde foi alvo de alguns pontapés.
o jornalista espanhol seria conduzido até uma esquadra de madrid, onde permaneceria até à manhã desta sexta-feira, quando foi libertado.
«200 pessoas não podem virar a cidade do avesso»
os acontecimentos da noite de quinta-feira já foram repercutidos nas palavras de vários políticos espanhóis. entre eles está alfredo pérez rubalcaba, ex-ministro do executivo de zapatero e actual candidato do psoe às próximas legislativas.
citado pelo el mundo, o candidato apelou ao 15-m que reúna um ponto de encontro que sirva de centro de divulgação das suas propostas, antes de defender o papel das autoridades nas manifestações.
«se as manifestações são pacíficas, logicamente que a polícia é tolerantes, porque é uma polícia inteligente», começou por realçar, sublinhando, por outro lado, que «se há violência, a polícia tem que actuar, [pois] 200 pessoas não podem virar do avesso uma cidade, isso não acontecer».
palavras de quem, há cerca de um mês, ainda presidia ao ministério que, na noite de ontem, foi o destino/alvo da marcha de protestos que se concretizou no centro de madrid.