«é um espaço pequeno, como diz o nome, mas onde se pode comer um pouco de tudo. fazia falta nesta zona de lisboa um restaurante com uma carta generosa e um ambiente descontraído, onde os amigos se reunissem ao almoço e os namorados, ao jantar», conta ao sol, josé avillez, enquanto prepara uma das entradas que irá ter na ementa.
os fígados de aves surgem num tachinho com revestimento de esmalte com aquela sua película quase brilhante, cobertos de cerejas bem gordas e encarnadas, «que irão ‘cortar’ a gordura do fígado». o chef explica que este fruto, sendo doce e um pouco ácido, ao mesmo tempo, «funciona tal qual o vinho do porto quando acompanha patés».
a ideia de criar este novo espaço, depois da saída inesperada do tavares no mês de janeiro, teve também a ver com o facto de, num restaurante premiado com estrelas do guia michelin, ser impossível cozinhar petiscos. «sentia falta de pratos mais simples, com menos trabalho de cozinha», confessa avillez.
por outro lado, outro investimento seu e que abrirá portas no final de outubro – a transformação do ‘belcanto’, também no chiado, em restaurante de alta cozinha – levou-o a dedicar-se a um espaço com preços mais baratos, com almoços até 18 euros e jantares até 30.
«gosto muito de receber pessoas em casa. e esta é a forma de criar uma família à volta de um espaço meu. será um restaurante onde se vai querer voltar». o cantinho tem lugar para 45 pessoas sentadas, mais um balcão corrido no bar, onde se pode petiscar e «comer uns pregos com mostarda ou o chamado prego ‘francesinho’».
nas mesas, sobre as quais pendem candeeiros vintage comprados no ebay, serve-se, por exemplo, bacalhau à brás, risoto de boletos, escabeche de perdiz ou mãozinhas de vitela. e fecha-se a refeição com um bolo de chocolate, típico desta nova casa portuguesa, onde os azulejos também fazem parte da decoração.
por terminar está ainda a carta do restaurante vizinho que vai dirigir até ao final do ano. no novo ‘belcanto’, avillez pretende manter a qualidade que assegurara no tavares, mas não arrisca antecipar um possível prémio. «os reconhecimentos virão quando tiverem de vir». diz até que uma estrela michelin não é «uma pressa», mas que «ajuda ao negócio».