Quente&Frio

Quem está ao QUENTE e quem está FRIO. A semana vista por Ricardo David Lopes.

quente

warren buffett

é fácil pedir para se pagar mais impostos quando se é tão rico como buffett, a quem, certamente, menos umas dezenas de milhões não farão grande diferença. mas o irónico pedido do investidor para que obama dê menos ‘mimos’ aos mega-ricos foi uma pedrada no charco da desigual sociedade norte-americana, que bem podia pôr a reflectir alguns líderes europeus que sobrecarregam sempre os mesmos e aliviam os do costume quando se trata de dividir o mal pelas aldeias.

antónio coimbra

num país onde a generalidade das grandes empresas usa todos os meios para adiar na secretaria o pagamento de coimas (mesmo quando sabem que acabarão por perder os recursos), é notícia quando alguma se ‘chega à frente’ sem contestar. assim foi com a vodafone, que pagou uma multa de 100 mil euros à anacom após escassos 13 clientes se terem queixado pelo facto de a operadora não ter procedido ao barramento de chamadas no prazo previsto na lei (ver página 6). um exemplo a seguir.

&frio

george soros

o multimilionário juntou-se aos defensores da solução mais radical para os problemas da zona euro: a saída de portugal e da grécia. a proposta faz lembrar a velha técnica de egas moniz, que tratava depressões graves extraindo o lobo pré-frontal do cérebro. a prática veio a demonstrar que esta cirurgia não era forma de resolver o problema. da mesma forma, a saída de um país do euro virá a revelar-se, muito provavelmente, o fim do projecto da moeda única. no meio da crise, exige-se mais bom senso.

vítor gaspar

deixou para a troika o anúncio das medidas mais impopulares e, em entrevista à tvi, disse terem sido impostos tectos na despesa dos ministérios, mas não quantificou onde haverá mais redução. o ministro das finanças podia e devia ter aproveitado a sua primeira entrevista para explicar o motivo por que não foi ele a revelar o que nos espera, mas não o fez. numa altura em que é certo que o cinto vai apertar, era também importante ter sido mais corajoso, antecipando o que nos espera no oe 2012. ou alguém acredita que o ministro não sabe o que aí vem?

ricardo.d.lopes@sol.pt