Resultado Líquido

Passos Coelho prometeu no Pontal proceder ao maior corte de que há memória na despesa pública e garantiu estar em curso o maior esforço de contenção dos últimos 50 anos.

para dar o exemplo de moral, o primeiro-ministro assegurou que o governo corta na despesa «todos os dias». referia-se, eventualmente, aos salários de adjuntos e assessores deste governo, bem inferiores aos do anterior. a poupança obtida motivou, aliás, recusas várias para integrar o governo. mas é justo – sobretudo aos olhos dos portugueses em dificuldades – que, não havendo dinheiro para umas coisas (apoios sociais, medicamentos mais baratos, etc.), não haja para outras (salários altos). e acredita-se que os ‘saldos’ salariais não comprometam a qualidade. também no ar condicionado do ministério da agricultura, onde se aboliu a gravata, se poupou. e haverá mais exemplos assim, na lógica do ‘grão a grão…’. todos são meritórios. mas não chegam.

até ao fim do mês será concluído o plano de extinções, fusões e reorganizações de empresas públicas, institutos e fundações. também aqui se conseguirá poupar milhões. mas a poupança de que o país precisa terá de ser de centenas de milhões. importa, por isso, que o governo seja célere a anunciar o que nos espera em 2012. as dúvidas são várias. por exemplo: vão haver mais reduções nos salários da função pública? e despedimentos no estado? o que significa cortar 15% na saúde? haverá impostos extra sobre os subsídios de férias e natal? o preço dos transportes públicos vai mesmo depender dos rendimentos? o governo de sócrates, a partir de certa altura, foi pródigo em dar as más notícias a prestações, ao sabor da conjuntura. deste espera-se mais frontalidade.

ricardo.d.lopes@sol.pt