entende-se a irritação e justificam-se as dúvidas: há um ano, passos coelho criticava josé sócrates, garantindo ter a ‘receita’ para pôr as contas públicas sãs e o país na rota do crescimento sem penalizar os de sempre. um ano depois, o que tem para mostrar são aumentos de impostos e de preços de serviços essenciais, declarações de intenções sobre redução de despesa do estado e previsões anémicas de crescimento.
é cedo, ainda assim, para duvidar da promessa de que assistiremos ao maior esforço de sempre redução dos gastos da ‘máquina’. se é verdade que o corte da despesa é lento, como lembrou vítor gaspar, lenta é também a procura da fórmula certa para o fazer. implica pôr todo o governo e centenas de serviços a analisar as contas à lupa para ver onde é possível haver cortes ‘que se apresentem’ – que não se limitem a uns escassos (mesmo que simbólicos) milhões em salários ou regalias de gestores ou dirigentes públicos.
não há milagres. como diz o ditado, ‘roma e pavia não se fizeram num dia’. décadas de vida folgada não se curam em meses. o erro do governo foi a expectativa que criou nos portugueses. e a ingenuidade de passos foi não resistir a fazer promessas que poderia não estar em condições de cumprir. o país está atolado em impostos e, como disse o pr, o limite dos sacrifícios exigíveis está próximo. nem os cidadãos nem as empresas resistirão a mais ‘ataques’. o oe2012 – que explicará o esforço ‘colossal’ de cortes– será, portanto, o início de uma nova era. se souber a pouco, ou correr mal, será o princípio do fim da credibilidade do governo.
ricardo.d.lopes@sol.pt