Noite de Emmys: Mad Men ou Boardwalk Empire?

Penteados. Por muito que os cuidados capilares na produção de Mad Men sejam esmerados e dignos de ser invejados pelas gentes com ambições de espalhar charme à sua volta, a verdade é que é coisa pouca enquanto palmarés.

no fim-de-semana passado, os emmy tiveram a sua cerimónia de arranque, destinada às categorias técnicas – que incluem coisas tão mirabolantes quanto a melhor voz dobrada em filme de animação, melhor actriz convidada em série de comédia (venceu gwyneth paltrow, por ter aparecido em saturday night live) ou um conjunto de categorias que divide o mundo da ficção entre a pobrezinha que se faz com recurso a uma só câmara e a opulenta, que recorre a duas ou mais.

ora na cerimónia dos creative arts emmy awards, mad men, até há pouco apontada como a provável grande vencedora da noite, ampliando supostamente para quatro as vitórias consecutivas da mais prestigiada categoria – a melhor série dramática – viu-se repentinamente desafiada por boardwalk empire (no axn black) que, do nada, ficou a escassas três vitórias de bater o recorde de west wing – os homens do presidente. em 2000, a série de aaron sorkin tinha vencido em nove categorias.

percebe-se bem o porquê da súbita inversão de popularidade: dificilmente a vitória para o melhor realizador fugirá a martin scorsese (a acontecer seria coisa para ganhar contornos de crise nacional) – boardwalk empire é visualmente irrepreensível –, sendo que john hamm (o don draper de mad men) vê-se também ameaçado pelo brilhante steve buscemi (notável nucky, ‘gangster de luxo’ por alturas da lei seca). daí até destronar mad men enquanto melhor série pode ir um curtíssimo passo.

mas se hamm tem razões para se preocupar, julianna margulies (the good wife) nem deverá conseguir dormir e arrisca-se a ser novamente ultrapassada em cima da meta: há um ano foi kyra sedgwick (the closer), este ano pode ser cilindrada por elisabeth moss (a mosca-morta de mad men que subitamente ganha asas). no entanto, gera-se consenso em torno da mais inteligente escolha de margulies – em 2010, foi fortemente criticada pelo episódio que decidiu submeter (sim, é verdade, actores e actrizes concorrem com episódios escolhidos por si).

na comédia, a vitória esperada e justa será a de uma família muito moderna, que deverá vencer enquanto melhor série e nos actores secundários – o castigo por ter um elenco tão equilibrado é que ninguém concorre como principal, ocupando quatro das seis nomeações na categoria de melhor actor secundário em comédia.

daí que muito do interesse resida em perceber se, como tudo aponta, alec baldwin sairá novamente em ombros, ou se, pelo contrário, steve carrell (the office) ou mesmo louis c. k. (louis) conseguem surpreender. a distinção ficaria bem a c.k., que jamais conseguirá que o arrojo da série vença na categoria principal.

nas actrizes, parece certo que o papel de laura linney em the big c, uma ‘comédia’ em torno de uma doente com cancro, deverá, infelizmente, sobrepor-se à forte competição – martha plimpton (raising hope), tina fey (rockefeller 30) ou amy poehler (parks and recreation).

outro dos fenómenos da edição deste ano dos emmy é a mini-série mildred pierce, interpretada por kate winslet e realizada por todd haynes. winslet não ser coroada como melhor actriz em mini-série será heresia comparável a uma não-vitória de scorsese. em outubro, promete-nos a fox life, conheceremos a série de fio a pavio. quanto a the killing, a investigação de uma jovem assassinada que é igualmente uma das mais nomeadas este ano, teremos ainda de esperar.

a cerimónia pode ser vista no sony entertainment television a partir da 1 hora da madrugada de domingo para segunda. apresentação a cargo de jane lynch, uma compensação pela fraca prestação que se prevê para glee nestes emmy.

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