a ideia pega bem. no contexto em que vivemos, e numa altura em que o ex-primeiro-ministro islandês enfrenta a justiça por alegada incapacidade de antecipar a crise em que o país mergulhou, é politicamente correcto defender castigos contra quem gasta mais do que deve. acontece, contudo, que, a haver penalizações, elas não poderiam limitar-se aos políticos. teriam de abranger técnicos ou dirigentes públicos que autorizam despesas nem sempre cabimentadas, gestores que gastam à ‘tripa forra’ o que depois alguém há-de pagar e toda uma classe de irresponsáveis que, nos últimos 30 anos, desperdiçou recursos públicos como quem bebe água. na verdade, incluindo dezenas de políticos no activo e centenas na reforma, poucos escapariam. a ideia, portanto, é impraticável. o consolo é que, desta vez, quem nos governa verdadeiramente não somos nós. é a troika. o que há, agora, são metas. traçar políticas é coisa do passado. provavelmente, ainda bem.
entretanto, o presidente da ryanair veio a portugal insultar a tap, fazer a ana de tola e afrontar os portugueses que lhe subsidiam a companhia. ninguém sabe – a ana e o turismo de portugal fazem disso um segredo de estado – quanto dinheiro damos à maior companhia de circo aéreo (quem já voou na low cost sabe que é assim) em operação. o vice-presidente da tap denunciou a falta de transparência que envolve o negócio. de resto, mais ninguém falou. a sobranceria, como quase sempre neste país, fica impune.
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