‘Florestas podem criar milhares de empregos’, diz o CEO da Portucel

Tem capital para investir, pode criar milhares de postos de trabalho e dinamizar as exportações nacionais. Mas não tem condições para isso. Quem o diz é o presidente-executivo do grupo Portucel Soporcel, José Honório.

a maior papeleira portuguesa, responsável por 3% das exportações nacionais, precisa de mais matéria-prima – eucaliptos –, mas não consegue avançar com os investimentos de que necessita. de acordo com o ceo, a portucel regista actualmente um défice de 200 milhões de euros na importação de eucaliptos.

«claro que gostaríamos de investir em portugal. temos vários projectos para o aumento de capacidade na gaveta, porque não temos matéria-prima», disse, quando questionado pelo sol, durante uma conferência de imprensa, esta semana, em lisboa. «temos aqui um sector que podia criar milhares de postos de trabalho».

segundo o responsável da empresa detida pela semapa, de pedro_queiroz pereira, portugal tem cerca de dois milhões de hectares de terra cultivável abandonados, devido à excessiva repartição do território.

alterar a legislação e incentivar os proprietários a juntarem-se para rentabilizar estas terras são duas soluções sugeridas pela portucel, que «não custam dinheiro e dariam emprego».

além da criação de emprego, os investimentos da portucel poderiam ajudar o país a equilibrar a sua balança comercial. a fileira florestal representou, no primeiro semestre, 9,9% das exportações nacionais, cerca de dois mil milhões de euros, segundo dados no ine. apenas os sectores da maquinaria e automóvel estão à frente do sector da madeira.

«no entanto, 70% do valor das nossas exportações ficam em portugal, enquanto no sector automóvel apenas 30% fica aqui», disse o ceo da portucel. o economista joão ferreira do amaral apoiou esta posição, dizendo que «precisamos de exportar, mas com alto valor acrescentado».

enquanto as condições não aparecem em portugal, o grupo irá continuar com o investimento de cerca de 2,3 mil milhões de dólares (1,6 mil milhões de euros) em moçambique, onde irá gerir perto de 173 mil hectares de floresta, «mas temos a expectativa de chegar aos 220 mil», disse o administrador manuel regalado.

a fase de testes durará até 2013-2014 e a partir daí iniciam-se os investimentos pesados: floresta e fábricas.

frederico.pinheiro@sol.pt