2012 – Eleição à porta

Falta mais de um ano para a eleição presidencial nos Estados Unidos, mas nesta terra politizada, com raízes democráticas fundacionais, os candidatos começam o aquecimento, e até a corrida eleitoral, muito cedo.

barack obama vai ser o candidato dos democráticos a um segundo mandato na casa branca. faz agora três anos deu-se o acontecimento que o atirou para a vitória – a grande crise financeira consumada pela falência da lehman brothers, anunciada em 15 de setembro de 2008, e uma série de aquisições e intervenções de último recurso para evitar outras falências, como a da american international group.

a 29 de setembro foi a histórica queda de wall street. essa queda deu-se no momento em que john mccain começara a descolar nas sondagens e ultrapassara obama. mccain fez vários erros no curso da crise e não foi nada ajudado pela divisão ostensiva dos seus correligionários republicanos no congresso, perante o plano paulson. meia dúzia de swing states, com um total de dois ou três milhões de votos de vantagem, foram para obama – e este ganhou.

hoje as taxas de aprovação do presidente, segundo uma sondagem no new york times de sábado, 17 de setembro, são as mais baixas de sempre: só 43% o aprovam e 57% desaprovam o modo como tem lidado com a economia.

a situação económica continua desfavorável, as guerras do afeganistão e do iraque arrastam-se, os macroprojectos – como a medicare para todos os americanos – arrastam-se também e dividem o país.

o presidente é um grande retórico – mas, com tantos problemas, a retórica e o charme perdem importância.

além disso, obama tem inimigos decididos numa américa que se radicalizou à esquerda e à direita. um deles, poderosíssimo, é a fox news, que não o larga, nem à administração, equilibrando o impacto dos media liberais.

não admira que, com estas dificuldades do presidente, não faltem candidatos à nomeação republicana. mas entre os republicanos também são visíveis as divisões, aliás antigas, entre o populismo radical do tea party e as elites do partido, os republicanos country club.

neste momento, de acordo com debates e sondagens, os homens na dianteira são rick perry, governador do texas, e mitt romney, antigo governador do massachussetts.

rick perry sucedeu a george w. bush quando este partiu para a presidência. de origens sociais modestas, tem uma linha política inspirada no populismo evangélico e uma retórica de classe média agressiva.

já romney, além de político filho de político, foi um homem de negócios de sucesso e corresponde ao perfil do republicano country club, conservador e de classe alta.

outros aspirantes à nomeação republicana são michele backmann, congressista do minnesota, uma inimiga declarada do big government; newt gingrich, um veterano da política, speaker da câmara nos anos noventa; rick santorum, antigo senador da pensilvânia; jon huntsman, ex-governador do utah e ex-embaixador em pequim; gary johnson, ex-governador do novo méxico; thaddeus mccotter, representante de michigan; ron paul, representante do texas; buddy roemer, ex-governador de luisiana; herman cain, um empresário negro. e há sempre a dúvida se sarah palin participará na corrida.

vai ser um ano político decisivo. alguns analistas comparam mesmo 2012 com 1932 – o ano da vitória de f. d. roosevelt – ou 1980, a data do triunfo de ronald reagan. anos charneira que marcaram uma mudança profunda na política americana e na política mundial.

num momento de grande volatilidade geopolítica e económico-financeira, com os estados unidos e a europa em crise permanente, segundo os indicadores dos mercados, torna-se exigente um novo tempo e uma nova estratégia americana. e por isso pedem-se líderes fortes.

irão aparecer?