mas, há menos de um mês, joão leitão destronou esta ideia quando pôs a circular na internet um trailer para a série capitão falcão. uma série que, na verdade, ainda não existe. e a verdade é que, espelho dos nossos dias, tornou-se um fenómeno de popularidade a partir de um trailer de um minuto e quarenta segundos de um episódio piloto que nem sequer tinha sido apresentado às estações potencialmente interessadas.
capitão falcão é um herói ao estilo batman clássico, anos 60, com estética revisionista à maneira de um tarantino a brincar à série z, interpretado pelo brilhante gonçalo waddington. o tom caricatural do filme de acção, com uma estética próxima da banda desenhada e efeitos sonoros espalhafatosos, e deslumbramento por um excesso kitsch, teve uma tal repercussão na internet que jornais e revistas correram atrás. em 20 dias, capitão falcão inundou as redes sociais, mas conquistou também um espaço mediático raro, francamente mais generoso do que a maioria das estreias que a rentrée tem previstas. e o ponto de partida para este projecto do realizador da série um mundo catita é simplesmente irresistível: um super-herói que, às ordens de salazar, tenta proteger o bom povo português da terrível ameaça comunista.
o problema de capitão falcão é que as expectativas subiram a um nível impensável e corre o risco de ter o mesmo fim que machete – o óptimo falso trailer de grindhouse resultou num filme mediano –, tornando-se uma desilusão. enquanto trailer, capitão falcão é uma das melhoras propostas televisivas de sempre que ficou por concretizar. resta saber se é melhor assim…