luís buchinho encontrou inspiração na antiguidade greco-romana, mas revisitada com «uma perspectiva tropical». usando como ponto de partida esta influência e o desejo de continuar a explorar o potencial dos drapeados, como técnica que permite aos tecidos envolverem o corpo da mulher num abraço, luís buchinho saiu vencedor de mais uma presença na semana de moda de paris.
«quis fazer um desfile leve e mais optimista, um desfile anti-crise», explicou no final da sua apresentação, no espace commines em pleno bairro do marais. mas a crise tem afectado o seu trabalho? «claro! afecta-nos a todos. mas, ao mesmo tempo, a crise faz-nos eliminar os excessos, repensarmo-nos e focarmo-nos no que queremos criar e para quem criamos».
para este desfile ‘anti-crise’, aquele que é considerado o mais arquitectural dos designers de moda portugueses jogou com os contraste de longo e curto, estruturado e fluído. para estas oposições usou materiais também eles contrastantes em peso e texturas como as leves e esvoaçantes sedas e gazes de linho, e a corda, macramé e crochet em fio de lurex e fio de algodão encerado, um trabalho manual feito em portugal. a paleta de cores é extremamente feliz e passa pelo branco, pérola, nude, rosa, amarelo e preto. mais surpreendente ainda é o facto de luís buchinho ter apresentado padrões, algo que não é usual no seu trabalho: «queria dar o tal toque tropical e daí a utilização de estampados e de cores como o amarelo. e achei que nada melhor do que palmeiras».
o designer elegeu o vestido como a sua peça ícone para o próximo verão, mas há também que destacar o trabalho feito com os calções inspirados nos calções dos gladiadores e todo o trabalho com crochet – em vestidos e blusas – que também nos transporta para o imaginário guerreiro. só que as guerreiras greco-romanas de luís buchinho são mulheres femininas e elegantes, seguras de si e prontas para a batalha que é a vida dos tempos modernos.
luís buchinho estreou-se em paris em 2000 e desde então tem marcado presença regular na mais exigente semana de moda do mundo sob a égide do portugal fashion. apesar de ainda continuar no chamado calendário off – uma espécie de calendário paralelo – o designer admite que sente «um crescendo de atenção», mas é um «trabalho que demora, a ascensão é muito difícil». vale a persistência e a visão perfeccionista com que encara o universo da criação.