a autarquia de matosinhos tem um passivo de 185 milhões de euros e quer investir 6,3 milhões de euros na compra dos estádios de futebol do leixões e do leça, como forma de salvar os clubes de uma difícil situação financeira. porém, apesar de ter sido aprovado há cinco meses em assembleia municipal com os votos do executivo ps e psd, o negócio continua parado. ao que o sol apurou, a autarquia apenas concretizará a compra quando tiver a ‘luz verde’ do tribunal de contas – e no caso de ambos os clubes chegarem a acordo com os principais credores para que sejam levantadas as penhoras sobre os estádios.
no caso do leixões, a compra do estádio do mar, penhorado por dívidas ao fisco e à segurança social, custará aos cofres da câmara cinco milhões de euros, com o clube a receber 750 mil euros e mais 30 mil euros das acções que o município possui na sad leixonense no acto de escritura, além de 120 prestações de 35 mil euros ao longo de 10 anos.
diferente é o caso do leça, uma vez que o estádio foi hipotecado pela parvalorem, uma empresa comparticipada pelo bpn, que desde a nacionalização do banco ficou sob a alçada da direcção-geral do tesouro. apesar das dívidas do clube leceiro a esta empresa serem de três milhões de euros, a autarquia propõe-se comprar o estádio por metade desse valor em 60 prestações mensais de 25 mil euros.
de acordo com josé guilherme aguiar, vereador do desporto da câmara de matosinhos, que entrou em dissensão com a concelhia do psd (partido pelo qual foi eleito) desde a sua aliança com o executivo socialista liderado por guilherme pinto, a compra dos estádios é «uma decisão ponderada e um excelente negócio», apesar das críticas de despesismo. «estamos a comprar dois equipamentos por pouco mais de seis milhões de euros, quando estes valem 25 ou 30 milhões. é preciso notar que o leixões movimenta 500 atletas por dia e o leça 250 nos escalões de formação e que, perdendo estes equipamentos, a autarquia teria de encontrar uma alternativa que seria bem mais cara», argumentou ao sol.
a municipalização dos dois estádios merece no entanto críticas da oposição. a concelhia do psd de matosinhos defendeu um referendo local sobre o assunto, sem ter conseguido reunir as quatro mil assinaturas necessárias. «a compra está por dias», garantiu ao sol o dirigente de um daqueles clubes.