a câmara de lisboa quer reduzir de três para duas as faixas de
rodagem na avenida 24 de julho, para “diminuir a presença do automóvel
na cidade” e “humanizar e tornar aquele espaço mais agradável”.
joaquim
xavier, que todos os meses monta uma banca de produtos biológicos no
largo de santos, de costas para a avenida, admite que a medida “não vai
diminuir o trânsito, porque as pessoas não vão deixar de passar aqui”.
no
entanto, o vendedor sugere ainda uma medida mais drástica: “para mim
não era só cortar uma faixa, era encontrar uma alternativa, empedrar a
estrada para não passarem aqui carros. quanto menos carros melhor”,
afirmou.
joaquim xavier espera, ainda assim, que a redução de
faixas de rodagem sirva para alargar passeios e que acabe também por
reduzir a poluição.
“isto aqui é uma poluição horrível. se diminuir será bom também para os produtos”, disse.
carolina
pacheco tem uma banca de jornais no mesmo largo. leu a intenção da
autarquia nos diários desta semana, mas “não sabe qual será a melhoria
que a medida trará à zona”.
a comerciante diz que “em direcção ao
calvário – e noutras zonas – já existem só duas faixas” e que “à hora de
ponta já é complicado”.
no entanto, carolina pacheco diz que o
trânsito ali na zona de santos “é como em toda a cidade” e que a medida
“não piorará assim tanto” a circulação automóvel.
a vendedora
espera que com a redução de faixas, a autarquia marque depois
“actividades que chamem pessoas para vir à zona” – que tem movimento, mas
especialmente nocturno.
mais céptico é o funcionário do banco big
naquela avenida, vítor silva: “se o país está em crise e os portugueses
andam a fazer sacrifício para quê gastar mais dinheiro público numas
obras que não têm lógica, visto que a avenida está com boas condições?”,
questiona.
utilizador daquela zona diariamente, vítor silva diz
que a medida “vai ser ainda pior” para o trânsito, que “está
praticamente parado” ao fim da tarde.
perante o argumento de
trazer pessoas à rua, o bancário diz que “vai haver pouco investimento”
em lojas e comércio, já que “devido à crise, ninguém quer abrir
negócios” hoje em dia.
“é uma má altura para pensar nisso”, remata.
também o taxista edmundo tavares nega o argumento de trazer pessoas à rua: “esse é o argumento que têm sempre”, diz.
para edmundo tavares a medida “não é sensata” e “só vai criar problemas” aos automobilistas.
“eles [os decisores] deviam era andar aqui para ver se de facto a medida é boa”, declara.
esta medida foi aprovada pelo executivo municipal na quarta-feira e está inserida no plano de urbanização de alcântara.